Secções
Entrar

Jovens profissionais de saúde entregam ao Governo plano para reter talento no SNS

Lusa 18 de agosto de 2025 às 07:18

O documento identifica como "desafios críticos" a precariedade contratual, a ausência de progressão nas carreiras, os "níveis alarmantes" de 'stress' e 'burnout' e a emigração crescente de profissionais qualificados.

Os jovens profissionais de saúde propõem, num plano a entregar ao Governo, a reformulação de carreiras e grelhas salariais e mais incentivos para fixação em zonas carenciadas, com majoração salarial de pelo menos 40% nos primeiros cinco anos.
JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
No plano a entregar hoje à ministra da Saúde, a que a agência Lusa teve acesso, a Plataforma de Jovens Profissionais de Saúde, que agrega nove entidades, sugere ainda a criação de programas de prevenção do 'burnout' e de promoção do bem-estar laboral e a instalação de um projeto-piloto de organização de "horários mais sustentáveis". O documento identifica como "desafios críticos" a precariedade contratual, a ausência de progressão nas carreiras, os "níveis alarmantes" de 'stress' e 'burnout' e a emigração crescente de profissionais qualificados. A plataforma relembra que, segundo os dados do Barómetro que elaborou, apenas 10% dos jovens se dizem satisfeitos com as suas condições de trabalho e mais de 60% referem que os seus horários não permitem uma articulação aceitável entre vida pessoal e profissional. Solicita ainda ao Governo que avance progressivamente com as medidas propostas entre 2025 e 2028, com a criação de uma estrutura técnica de acompanhamento e um painel público de indicadores de monitorização. "Os jovens profissionais de saúde continuam a entrar no sistema com uma forte vocação e sentido de missão, mas rapidamente se deparam com um cenário de desvalorização e instabilidade. Não podemos continuar a formar talento para exportar ou esgotar", explica Lucas Chambel, representante da plataforma. O documento está organizado em cinco eixos de intervenção: carreiras, remuneração e condições contratuais; planeamento estratégico e gestão de recursos humanos; formação contínua e desenvolvimento profissional; bem-estar, saúde mental e conciliação da vida pessoal-profissional e transdisciplinaridade, inovação e participação. Nas diversas propostas que vão apresentar à ministra da Saúde está a revisão dos estatutos da carreira e instrumentos de avaliação e a criação de uma base transversal de regulamentação para as carreiras da área da saúde, com previsão no Orçamento do Estado de 2027 de verbas específicas para a atualização remuneratória dos escalões revistos. Defendem igualmente a criação de uma grelha remuneratória multidisciplinar para profissionais em início de carreira, de forma a ter um "referencial comum" de base salarial ajustado ao nível de qualificação e complexidade técnica e aplicável a todas as profissões de saúde com formação superior, com mecanismos de valorização por experiência e diferenciação. Para que a grelha salarial base seja definida até final de 2026 defendem a constituição de uma comissão interministerial (Saúde, Finanças, Administração Pública). Defendem ainda a revisão legislativa dos decretos-lei que regulam as carreiras especiais da saúde, alargando a sua aplicação a categorias atualmente desprotegidas. Para eliminar a precariedade contratual de forma progressiva pedem a substituição, num horizonte de cinco anos, de avenças e recibos verdes por contratos laborais "estáveis e protegidos, preferencialmente contratos por tempo indeterminado, respeitando a natureza jurídica de cada entidade. Quando tal não seja possível, que sejam substituídos por contratos a termo certo "com garantias reforçadas de estabilidade e progressão". Outra das sugestões é a criação de carreiras específicas para profissões de saúde ainda não integradas nos regimes de carreira da administração pública, enquadradas, referindo, como exemplo, os médicos dentistas, nutricionistas, psicólogos, médicos veterinários, fisioterapeutas e terapeutas da fala. Pedem ainda quotas de acesso a funções de coordenação técnica e científica para profissionais jovens e a criação de um regime especial de incentivo à fixação jovem em regiões prioritárias, sugerindo o lançamento de um programa nacional - "Viver e Trabalhar no Interior" - com majoração salarial de pelo menos 40% durante os primeiros cinco anos de colocação. Na área da formação, sugerem a criação de um mecanismo de incentivo financeiro às instituições de saúde pela promoção da formação e uma majoração fiscal, em sede de IRS, das despesas individuais e coletivas com formação.
Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela