De demitida a demissora. Quem é a ex-ministra da cultura, Dalila Rodrigues?
A ex-governante dirigiu o Museu Nacional de Arte Antiga, o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém. Ontem, foi notícia depois de Aida Tavares ter sido demitida do CCB. O seu curto mandato ficou marcado por polémicas.
Nascida em Granja de Penedono, no distrito de Viseu, a 15 de agosto de 1960, Dalila Rodrigues doutorou-se na Universidade de Coimbra, é historiadora de arte e docente do ensino superior.
Entre 2001 e 2004, foi diretora do Museu Grão Vasco, em Viseu, e logo a seguir assumiu a direção do Museu Nacional de Arte Antiga (2004-2007), já em Lisboa. Em 2007, o seu afastamento do MNAA foi notícia. Na altura, a tutela revelou que a saída estava relacionada com a discordância com o modelo de gestão dos museus nacionais e a não renovação da comissão de serviço foi comunicada pelo então diretor do Instituto dos Museus e Conservação (IMC), Manuel Bairrão Oleiro. À época, o Ministério da Cultura era dirigido por Isabel Pires de Lima.
"O meu contributo era no plano das ideias e sinto-me tristíssima que neste país já ninguém possa expressar a sua opinião. De repente tornei-me incómoda", disse Dalila Rodrigues, na época, ao Expresso.
Entre 2008 e 2009, foi diretora da Casa das Histórias Paula Rego e assumiu o cargo de diretora do Mosteiro dos Jerónimos e da Torre de Belém em 2019. Em abril de 2024, tomou posse como ministra da Cultura do governo liderado por Luís Montenegro.
No Dia Internacional dos Museus, a 18 de maio de 2024, garantiu que o Governo iria avançar com um conjunto de políticas públicas, a começar pela "garantia de maior autonomia aos dirigentes dos museus, monumentos e palácios". "A formação das equipas e a apresentação de programas que permitam aos portugueses uma mais generosa e democrática facilidade de acesso" também foi apresentado como um dos principais eixos de ação. Das medidas mais relevantes que a ex-ministra da Cultura aprovou, destaca-se o Acesso 52, que permite o acesso gratuito de portugueses e residentes a 37 museus, 52 dias por ano.
Após tomar posse, Dalila Rodrigues exonerou Francisca Carneiro Fernandes do cargo de presidente do conselho de administração do Centro Cultural de Belém (CCB) e acusou o seu antecessor, Pedro Adão e Silva, de "assalto ao poder".
"Acabaram os compadrios, lobbies e cunhas que levaram à constituição da atual equipa do CCB. Demitida que está, exonerada que está, afastada que está a sua presidente, está, evidentemente, a abordagem a este assalto ao poder, assalto ao CCB, que é absolutamente inadmissível nos termos em que foi realizado pelo ex-ministro da Cultura, doutor Pedro Adão e Silva", afirmou na altura e fez também referência à contratação de Aida Tavares para diretora artística para as Artes Performativas e Pensamento do CCB, que classificou como "um processo nada transparente".
O processo de nomeação de Aida Tavares foi noticiado pela SÁBADO, em 2024, depois do ex-ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, reconhecer que falou com Elísio Summavielle e Francisca Carneiro Fernandes, antigos presidentes do CCB, sobre o interesse em contratar Aida Tavares para diretora artística sem concurso.
Após estas declarações, o ex-dirigente disse à Lusa que Dalila Rodrigues "tem tido como únicas formas de afirmação exonerar dirigentes, desmantelar o trabalho feito e, agora, lançar injúrias graves".
O Ministério da Cultura fica agora a cargo de Margarida Balseiro Lopes, que acumula a pasta da Cultura com a da Juventude e do Desporto. Dalila Rodrigues não irá fazer parte do novo Executivo, que entra hoje em funções.
Na quarta-feira, os últimos minutos enquanto governante geraram novamente polémica. Aida Tavares acusou a ex-dirigente de ordenar a sua demissão depois de saber que estava de saída do Governo.
Dalila Rodrigues desmentiu estas afirmações e garantiu, em declarações à TSF: "Não contactei o presidente do CBB, nem dei qualquer indicação de afastamento ou contratação de quem quer que seja. Não faria isso na condição de ministra da Cultura em circunstância nenhuma. Uma pessoa faz declarações mentirosas e falsas e eu não posso ser envolvida".
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