Secções
Entrar

Autárquicas: PCP ainda não decidiu se recorre de recontagem dos votos de Lisboa

Lusa 04 de novembro de 2025 às 13:54

Em declarações aos jornalistas Sofia Lisboa, em representação da CDU, confirmou que se mantém "um voto de diferença" a favor do Chega

A CDU ainda não decidiu se vai recorrer da recontagem dos votos para a Câmara Municipal de Lisboa, que confirmou a eleição de apenas um vereador pela coligação entre comunistas e verdes, atribuindo o segundo vereador ao Chega.
medialivre
Em declarações aos jornalistas, à saída do Palácio de Justiça, onde decorreu a assembleia de apuramento geral, Sofia Lisboa, em representação da CDU, confirmou que se mantém "um voto de diferença" a favor do Chega na eleição para Lisboa, sem adiantar se a coligação vai recorrer. "Neste momento a situação está nestes termos (...), agora não tenho nada a transmitir nesse sentido", respondeu, realçando que "os direitos são sempre para ponderar" e que a CDU não prescinde de "nenhum direito" neste processo. Porém, reconheceu, "por um voto se ganha, por um voto se perde, é assim em democracia". Ainda que a CDU não o tenha dito, Bruno Mascarenhas, primeiro vereador eleito pelo Chega para a autarquia da capital, prevê que a coligação irá "na mesma, ao que tudo indica, recorrer para o Tribunal Constitucional", porque apresentou um protesto dentro da sala onde foi feita a recontagem de votos. Também em declarações aos jornalistas, à saída do Palácio de Justiça, Bruno Mascarenhas disse que o Chega nunca pôs em causa a "vitória, que é clara", estando até "convicto" de que ganhou "por mais" e não compreendendo "por que foram anulados votos" no Constitucional. Nesse sentido, o vereador eleito defendeu que é preciso "olhar para a lei eleitoral", porque houve "coisas absolutamente inadmissíveis" neste processo de apuramento dos votos. "É um processo que se está a tornar arcaico", considerou, adiantando que vai propor ao partido que discuta o assunto. O vereador eleito defende uma "fórmula mais moderna, mais eficiente", que combine voto eletrónico com boletim depositado em urna, à semelhança de "alguns clubes" de futebol. A CDU terá 24 horas a partir do momento da publicação da recontagem, que será feita ainda hoje, para apresentar um eventual recurso, seguindo-se outras 24 horas para a contestação do recurso e outras 48 horas para a decisão final do Tribunal Constitucional. Segundo explicou à Lusa um representante do PSD que também acompanhou a recontagem, que demorou cerca de duas horas, o protesto da CDU serve para ter acesso a todo o material, mas não implica que seja formalizado um recurso. "Espero que (...) haja bom senso e que isto acabe de vez, porque já ninguém aguenta. Acho que a CDU já brincou a isto demais, está na altura de acabarmos com este processo e darmos posse e a Câmara de Lisboa poder trabalhar", instou Bruno Mascarenhas. O Chega acusa a CDU de ter recorrido ao tribunal para "validar um voto com uma cruz completamente fora do quadrado" e de agora querer ainda "verificar todos" os votos do Chega para "encontrar alguma coisinha". Recordando que a CDU acompanha "sempre" os processos de apuramento até "ter tudo esclarecido", Sofia Lisboa considerou "uma intimidação" o protesto que o Chega fez na sala de recontagem de votos, contestando a composição da mesa de apuramento. "Isto é um sorteio entre os presidentes de mesa, os presidentes de mesa fazem parte de diferentes forças políticas ou não, são cidadãos, que ali estão naquele dia a fazer esse serviço cívico a todos nós", contestou. O Chega fez "uma afronta" às pessoas da mesa, "sorteadas para ali estar", criticou Sofia Lisboa. A recontagem dos votos deu cumprimento a um acórdão do Tribunal Constitucional (TC) relativamente a um recurso interposto pela CDU sobre a secção de voto n.º 28 da freguesia de São Domingos de Benfica. Nesse acórdão, os juízes do Palácio Ratton decidiram também validar um voto nulo a favor da CDU, numa secção de voto da freguesia da Santa Maria Maior, assim como declarar nulo outro voto que tinha sido atribuído ao Chega. Perante esta decisão, o Chega apresentou um recurso ao Tribunal Constitucional por não concordar com o acórdão, em particular a validação de um voto nulo a favor da CDU, considerando que "é complementarmente errado e revela uma certa parcialidade". Este recurso do Chega foi recusado pelo TC, que o considerou "legalmente inadmissível". Na eleição para a Câmara Municipal de Lisboa, o Chega começou por estar à frente da CDU por uma diferença de 11 votos, segundo os resultados provisórios do dia do ato eleitoral, em 12 de outubro. Dias depois, a assembleia de apuramento local fez saber que essa diferença tinha sido reduzida a três votos. Com este acórdão do Tribunal Constitucional, a vantagem do Chega em relação à CDU ficou encurtada para apenas um voto. Com a recontagem de hoje, o Chega é a terceira candidatura mais votada nas autárquicas no concelho de Lisboa, a seguir a PSD/CDS-PP/IL e a PS/Livre/BE/PAN. Já a CDU perde um vereador comunista na capital, comparativamente aos dois eleitos em 2021. Nas eleições autárquicas de 12 de outubro, o social-democrata Carlos Moedas foi reeleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa, pela coligação PSD/CDS-PP/IL, com 41,69% dos votos, derrotando a socialista Alexandra Leitão (PS/Livre/BE/PAN), que teve 33,95%. Dos 17 mandatos que compõem o executivo municipal de Lisboa, a coligação "Por ti, Lisboa" (PSD/CDS-PP/IL) conquistou oito e a candidatura "Viver Lisboa" (PS/Livre/BE/PAN) obteve seis, o Chega dois e a CDU um. No mandato 2021-2025, o executivo municipal integrou sete eleitos da coligação "Novos Tempos" (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), sete eleitos da coligação "Mais Lisboa" (PS/Livre), dois da CDU e um do BE. O Chega não conseguiu eleger vereadores em 2021.
Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela