O que se passa é uma profunda anomalia e deriva dos media para se tornarem apenas puro entretenimento e deixarem de ter fronteiras entre géneros, com a canibalização de todas as emissões - a televisão é o melhor exemplo do que digo - pelo futebol
Que fique bem claro que penso que o Campeonato Europeu de Futebol, ainda por cima com a participação de Portugal, é notícia e matéria de relevo noticioso. Não ponho nada disso em causa. Admito mesmo uma situação de cobertura noticiosa especial, com meios e tempo acima do normal. Mas não é isso que se passa. O que se passa é uma profunda anomalia e deriva dos media para se tornarem apenas puro entretenimento e deixarem de ter fronteiras entre géneros, com a canibalização de todas as emissões - a televisão é o melhor exemplo do que digo - pelo futebol. A lógica jornalística implicava que as principais notícias fossem dadas nos noticiários (e refiro-me a notícias e não ao penoso espectáculo de adeptos, jornalistas, políticos, etc., a dizer coisa nenhuma, a não ser a portugalidade descoberta pela via da bola). E depois os programas desportivos, em canais especializados, falassem o que quisessem e quanto quisessem. É assim nos países civilizados. Dito mesmo assim: nos países civilizados ninguém imagina este excesso português, talvez latino-americano, de parar tudo porque daqui a uma semana há um jogo da Selecção. Até lá é a logomaquia futebolística para encher o ar.
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Talvez não a 3.ª Guerra Mundial como a história nos conta, mas uma guerra diferente. Medo e destruição ainda existem, mas a mobilização total deu lugar a batalhas invisíveis: ciberataques, desinformação e controlo das redes.
Ricardo olhou para o desenho da filha. "Lara, não te sentes confusa por teres famílias diferentes?" "Não, pai. É como ter duas equipas de futebol favoritas. Posso gostar das duas."