Sábado – Pense por si

Eduardo Dâmaso
Eduardo Dâmaso
18 de março de 2021 às 08:00

Desconfinar com os olhos em Itália

Não tenhamos ilusões: vai ser muito difícil regressar à normalidade que tínhamos em 2019, em grande parte devido ao prolongamento desta anormalidade pandémica, mas também porque os sinais que vêm da política e dos órgãos de soberania não são animadores

Finalmente começamos a desconfinar, mas sem grandes razões para um otimismo excessivo. Retomar alguma normalidade na nossa vida e voltar a ter pequenos prazeres tão significativos nos dias que correm, como tomar um café na rua e comprar um livro, é uma verdadeira dádiva celestial, mas não deve desviar-nos daquilo que é essencial. E o essencial é termos consciência dos perigos que nos rodeiam e nos acompanham já de forma irreversível. Do risco sanitário de uma nova vaga da doença ao estertor económico e empobrecimento coletivo, tudo vai deixar uma marca profunda nas nossas vidas. O pior está na outra pandemia que segura as rédeas de tudo isto: o medo instalou-se e domina.

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Dez observações sobre a greve geral

Fazer uma greve geral tem no sector privado uma grande dificuldade, o medo. Medo de passar a ser olhado como “comunista”, o medo de retaliações, o medo de perder o emprego à primeira oportunidade. Quem disser que este não é o factor principal contra o alargamento da greve ao sector privado, não conhece o sector privado.

Adeus, América

Há alturas na vida de uma pessoa em que não vale a pena esperar mais por algo que se desejou muito, mas nunca veio. Na vida dos povos é um pouco assim também. Chegou o momento de nós, europeus, percebermos que é preciso dizer "adeus" à América. A esta América de Trump, claro. Sim, continua a haver uma América boa, cosmopolita, que gosta da democracia liberal, que compreende a vantagem da ligação à UE. Sucede que não sabemos se essa América certa (e, essa sim, grande e forte) vai voltar. Esperem o pior. Porque é provável que o pior esteja a chegar.