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Dificilmente poderemos dizer que a mais recente geração de adolescentes é violenta "só porque sim". Não nasceram mais violentos do que gerações anteriores nem estão mais predispostos a causar danos aos outros.
Quem acompanha atentamente os órgãos de comunicação social, certamente tomou conhecimento do esfaqueamento de seis jovens entre os 12 e 14 anos, por um aluno de 12 anos. Este tipo de episódio, chocante pela violência empregue, pela idade das vítimas e, sobretudo, pela idade do perpetrador, pode levar-nos a questionar o que se passará com a atual geração de adolescentes, que pode explicar o motivo pelo qual a violência escolar tem aumentado nos últimos anos, em Portugal. Serão características dos jovens, em si? Serão características dos pais e do modo como exercem a sua parentalidade? Ou estará na base destes comportamentos violentos fatores de ordem mais abrangente, como influências ambientais e societais ou das redes sociais?
A violência escolar abarca um leque alargado de atos, designadamente a agressão a alunos ou professores, a agressão perpetrada por alunos ou professores, a exploração física e psicológica, o bullying e ciberbullying, a posse de armas na escola, entre outros. Pode, assim, adotar várias formas, com diferentes vítimas e consequências, mas, no geral, igualmente importantes de debater e intervencionar.
Se desejarmos compreender o que leva alguém tão jovem a cometer atos violentos contra colegas ou professores, poderá ser importante analisar que fatores de risco estão associados a estes comportamentos.
Estes fatores de risco são cumulativos (isto é, quantos mais fatores estão presentes, maior o risco para a violência), ocorrem a nível individual, familiar, escolar, ou comunitário e podem ser específicos de determinados comportamentos violentos (por exemplo, os fatores que aumentam o risco de um jovem cometer atos de violência sexual não são os mesmos que aumentam o risco de cometer um roubo).
Dificilmente poderemos dizer que a mais recente geração de adolescentes é violenta "só porque sim". Não nasceram mais violentos do que gerações anteriores nem estão mais predispostos a causar danos aos outros. Deveremos, sim, prestar atenção ao contexto no qual esses jovens são criados e desenvolvidos.
Neste sentido, reconhece-se que alguns dos fatores de risco mais relevantes para comportamentos violentos de adolescentes são a exposição a violência na família ou na comunidade, a existência de práticas parentais inconsistentes, demasiado permissivas ou demasiado autoritárias em casa, a existência de uma relação fraca com a escola, a rejeição de pares com comportamentos socialmente adequados e, pelo contrário, a existência de uma relação forte com pares antissociais e a integração em gangues. A integração em gangues, em particular, é facilitada porque satisfaz algumas importantes necessidades psicológicas dos adolescentes, nomeadamente a sensação de aceitação e pertença e o reconhecimento social dos pares, aspetos particularmente fulcrais para jovens que se sentem pouco populares ou socialmente impotentes.
Estes fatores contribuem, como tal, para a adoção de comportamentos agressivos nos jovens. E a realidade é que os adolescentes que são agressivos fora do contexto escolar, também o serão dentro deste contexto, culminando na violência escolar frequentemente reportada.
Estes fatores também podem levar à posse de armas na escola. Se, por um lado, alguns jovens podem possuir armas numa perspetiva de "autodefesa", outros podem fazê-lo para, precisamente, perpetrar os comportamentos violentos que são, posteriormente, reportados nas notícias. O consumo de substâncias ilícitas, problemas de saúde mental, pensamentos suicidas e a exposição a experiências traumáticas na infância são, também, fatores de risco à posse de armas na escola e à violência escolar. Por fim, há que ter em mente que ataques violentos nas escolas, com recurso a armas, tendem a ser planeados e, não raras vezes, os seus perpetradores confidenciam a outras pessoas (amigos, familiares) que vão realizar estes atos, tornando-os assim, em parte, previsíveis.
A violência escolar tem claras consequências nas suas vítimas, sejam estas físicas ou psicológicas. Contudo, também deixam as suas marcas nos agressores, podendo contribuir para posteriores comportamentos de auto-agressão, suicídio, abandono escolar, envolvimento em relações íntimas violentas e perpetração de crimes, mais tarde na vida. Torna-se, como tal, premente a necessidade de prevenir estas ocorrências e intervir sobre as que já existem.
A prevenção da violência escolar poderá passar pela implementação de programas, nas escolas, especialmente focados nesta temática, cujo principal objetivo é o treino social dos jovens. Através de atividades realizadas em sala de aula, são desenvolvidas competências de literacia emocional, autocontrolo, capacidade social, relacionamento positivo com colegas e capacidade de resolução eficaz de problemas. Mas a intervenção junto dos jovens não é suficiente. O próprio contexto onde estes adolescentes se inserem é, grande parte das vezes, o principal responsável pelos seus comportamentos desajustados e agressivos.
Como tal, a intervenção junto das famílias e comunidades é fundamental, dado que são a partir destes contextos que os jovens modelam as suas atitudes e comportamentos.
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