Torna-se, então, claro que nem todos os sujeitos com Psicopatia cometem crimes violentos. Muitos até podem desenvolver carreiras promissoras e atingir posições de poder na sociedade.
Tendemos a pensar na Psicopatia como uma condição presente exclusivamente em criminosos, agressores, homicidas violentos e sem escrúpulos, que só encontramos na televisão ou, pelo menos, num contexto longínquo ao nosso. Se falarmos em pessoas com Psicopatia, somos imediatamente remetidos para serial killers americanos, inspiração para um número quase ilimitado de séries de televisão, filmes e documentários, atualmente tão populares e em voga. Mas significará isso que Portugal simplesmente tem menos pessoas com Psicopatia, quando comparado com outros países? Serão essas pessoas condenadas a cometer crimes ou a magoar outras pessoas, pela condição que detêm? Será uma pessoa com Psicopatia, obrigatoriamente, um assassino em série?
Para dar resposta a estas questões será importante, em primeiro lugar, definir bem a Psicopatia. No final de contas, só compreendendo a perturbação poderemos reconhecer as suas características e o modo como tem um impacto nas pessoas que a detêm. Mas a aquisição de uma definição clara de Psicopatia é um pouco mais difícil de obter do que seria de esperar, tendo em conta o interesse público na temática, com tentativas de defini-la que remontam à primeira década do século XX. De qualquer forma, uma visão mais atual define-a como uma perturbação pautada por traços interpessoais e afetivos específicos e características antissociais. Deste modo, uma pessoa com Psicopatia pode manifestar traços de manipulação, frieza e insensibilidade emocional, impulsividade e agressividade.
O modo como uma pessoa desenvolve Psicopatia também é alvo de debate, não existindo um consenso sobre se esta é uma perturbação de ordem genética, de personalidade, evolucionária, ou ambiental. Contudo, alguns autores defendem que existe uma Psicopatia primária, de ordem genética, neurológica, temperamental – a Psicopatia na sua forma mais "pura" – e uma Psicopatia secundária, de origem ambiental, adquirida em função da história de vida do sujeito – também conhecida como Sociopatia.
Reconhecendo que sujeitos com Psicopatia são caracterizados pelo sentido de grandiosidade, manipulação, impulsividade, agressividade, insensibilidade, desonestidade, egocentrismo, baixa empatia, frieza emocional e ausência de remorsos (entre outros), é necessário apreender que nem todas estas pessoas irão envolver-se em crimes, ou pelo menos crimes sangrentos. Nem todos os homicidas ou agressores têm Psicopatia, nem todas as pessoas com Psicopatia são homicidas ou agressoras. Na realidade, poderemos estar rodeados de mais pessoas com esta perturbação do que esperaríamos.
Apesar de alguns dos traços da Psicopatia serem pouco adaptativos, dificultando uma integração normal na sociedade (por exemplo, a impulsividade ou agressividade), outros traços podem ser vantajosos em certos contextos. O charme superficial, a inteligência e a frieza emocional podem ser características adaptativas em algumas profissões, designadamente no mundo corporativo, nas forças policiais e militares, na política, na medicina, em desportos de contacto e até mesmo no mundo do entretenimento. Estas profissões, ao trazerem reconhecimento, estatuto social e poder, vão confirmar a sua ideia de grandiosidade e a sua tendência para tirar partido dos outros.
Esta Psicopatia, por vezes, denominada de "alto rendimento" deve-se, eventualmente, a uma expressão menos forte dos traços ditos problemáticos (como a impulsividade e a irresponsabilidade) em relação a traços que os tornam líderes eficazes (como o carisma ou a dominância interpessoal), pelo menos a curto prazo. A longo prazo, contudo, os seus traços de autoconfiança inflacionada, desonestidade, ausência de remorsos ou de culpa e tendência para manipular e explorar os outros podem ser problemáticos para a sua posição de liderança.
Torna-se, então, claro que nem todos os sujeitos com Psicopatia cometem crimes violentos. Muitos até podem desenvolver carreiras promissoras e atingir posições de poder na sociedade. Aliás, o mais certo é que todos nós teremos conhecido alguém com esta perturbação, tanto em contexto social, como profissional, sem o sabermos.
O evitamento do termo "psicopata" ao longo deste texto é propositado; este é um rótulo com uma conotação altamente pejorativa. Somos remetidos, de imediato, para alguém perigoso, o que pode não ser, necessariamente, o caso. Pessoas com diagnóstico de Psicopatia tendem a receber penas de prisão mais duras, o que se pode dever à imagem pintada por Hollywood sobre a perturbação.
Programas de intervenção desenvolvidos em Portugal têm revelado resultados promissores na intervenção com pessoas com esta perturbação, particularmente na atenuação dos traços psicopáticos em jovens, prevenindo o agravamento dos mesmos e evitando o envolvimento em comportamentos de crime. No entanto, a Psicopatia é identificada como um importante fator de risco e carece de uma intervenção especializada para colmatar os seus traços mais nocivos.
De qualquer forma, uma coisa é certa: a Psicopatia não é uma sentença a uma inevitável vida de crime. Procure ajuda. Não está sozinho/a.
Psicopatia de fato e gravata: Uma perturbação de alto rendimento?
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