Os media interpretam a falta de interesse dos jovens nos meios de comunicação tradicional como falta de interesse político. Isto não é a realidade. Os jovens procuram quem fale para eles.
No último mês, muito se tem falado sobre o desinteresse dos jovens pela política. Neste texto, argumento que os jovens estão e são interessados por política; a classe política e os media é que ainda estão tecnologicamente em 25 de abril de 1974.
Basta ir a qualquer rede social para ver política a ser debatida. Existem jovens em Portugal que dedicam grande parte do seu tempo a falar dos temas políticos que mais interessam a esta geração. Dou-vos quatro exemplos: Catarina Barreiros fala de ambientalismo; Tânia Graça fala de igualdade de género; Margarida Santos fala de saúde; Diogo Faro fala, especialmente nos últimos tempos, de habitação e imigração. Dir-me-ão imediatamente "Mas eles não falam diretamente de política e não estão associados a qualquer partido político!". Contudo, os temas que abordam são inevitavelmente políticos. Vamos aos exemplos:
Catarina Barreirosfala sobre alterações climáticas e de como ser mais sustentável no dia a dia. O ambientalismo é uma das maiores causas abraçadas pelos jovens, basta pensar na quantidade de manifestações organizadas nos últimos tempos.
Tânia Graçafala muitas vezes de violência no namoro. Pensemos que antes do 25 de Abril, a violência doméstica não era considerada crime.
Margarida Santos fala principalmente de saúde e dos mitos que afetam a saúde dos portugueses. Já a vi várias vezes a falar da importância do SNS, do papel do médico de família na vida dos portugueses e da importância de tornar o seu trabalho menos burocrático. Os médicos de família são a espinha dorsal de uma das maiores conquistas do 25 de Abril, o SNS.
Diogo Faro, o único com inclinação política pública, tem dedicado bastante tempo ao tema da habitação, inclusive ajudando na organização de uma manifestação no passado dia 27 de janeiro.
Dou estes exemplos, mas há outros como Miguel Milhão que usa o seu podcast para disseminar ideais do tempo da PIDE, como por exemplo uma "boa" mulher ser aquela que não trabalha, que só trata da família e que, consequentemente, é financeiramente dependente do marido. Em suma, nas redes sociais, o conteúdo político está vivo.
Entretanto, os media interpretam a falta de interesse dos jovens nos meios de comunicação tradicional como falta de interesse político. Isto não é a realidade. Os jovens procuram quem fale para eles. E falar para eles não é diminuí-los, nem simplificar os assuntos - é falar dos temas relevantes, nas plataformas relevantes.
Os jovens têm interesse político, só não o expressam através dos meios tradicionais. Para termos ideia do que falo, no Instagram, Catarina Barreiros tem 103 mil seguidores; Tânia, 284 mil; Margarida Santos, 118 mil; Diogo Faro, 129 mil. Ao nível do seu conteúdo, a Tânia tem um vídeo a falar da polémica ideologia de género com 1.3 milhões de visualizações. Outro dado estatístico que contraria a narrativa de que os jovens não votam, "nem querem saber":num estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos de 2021, 53% dos jovens dizem votar em todas as eleições. Este número é superior à média dos portugueses que votaram nas legislativas de 2019 e 2022.
Mas então, porque esta narrativa continua a passar nos media tradicionais? Traço uma possibilidade. O problema principal é a falta de representação nos órgãos de decisão política, que leva que não se governe - e por consequência não se comunique - para os jovens. A estatística confirma a realidade: um PR com 75 anos, um Conselho de Estado com uma média de idade de 72, um parlamento com menos de 10% de deputados com menos de 35 anos. Quem está nestes órgãos é do tempo em que a televisão dominava a ordem do dia. Se tivéssemos de fazer uma caricatura dotípico comentador da televisão portuguesa, seria um homem de 53 anos de idade, advogado, de Lisboa, formado na Universidade de Lisboa. Sintetizando, os políticos e a televisão auto-alimentam a sua velha caverna de Platão.
Provado o meu ponto, termino: a culpa não é exclusivamente dos políticos e da classe política. Os jovens, ao não participarem na vida política institucional e "virarem-se contra o sistema", negam o caminho traçado há 50 anos, desde 1974, e escolhem ignorar o passado. É conteúdo para outro artigo, mas deixo o aviso: aqueles que ignoram a história estão condenados a repeti-la.
É ou não é da RTPque traz jovens, um "poll maker" e uma professora de Ciência Política que desmistificam a narrativa passada pelos OCS (parabéns produção da RTP!)
Se queremos deixar de ter armas de destruição matemática e passar a ter instrumentos de salvação da humanidade, está na hora de perceber o poder da ciência de dados e da inteligência artificial e não deixar o feitiço virar-se contra o feiticeiro.
Ao longo do tempo que vou estudando economia e acompanhando a vida pública, cada vez mais concluo que o bem-estar económico e material da população determina vivamente os resultados eleitorais.
Segundo o Relatório sobre a Evasão Fiscal Global 2024, os países da União Europeia são os que mais perdem com o desvio de dinheiro para paraísos fiscais. Aproveitando a concorrência fiscal entre países, esta é uma forma relativamente simples e rápida de atrair capital estrangeiro e aumentar a receita fiscal de um país.
A violação do segredo de justiça alimenta uma constante mediatização, que leva a julgamentos populares e ao sentimento que "na política são todos uns gatunos". Pior que este sentimento é a sua normal e perigosa conclusão "de que o era preciso era alguém que limpasse isto tudo".
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
A escola é um espaço seguro, natural e cientificamente fundamentado para um diálogo sobre a sexualidade, a par de outros temas. E isto é especialmente essencial para milhares de jovens, para quem a escola é o sítio onde encontram a única oportunidade para abordarem múltiplos temas de forma construtiva.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.