Sábado – Pense por si

Gonçalo Capitão
Gonçalo Capitão Deputado do PSD
30 de dezembro de 2025 às 07:00

Horóscopo 2026 – O que não está escrito nas estrelas

Capa da Sábado Edição 29 de dezembro a 4 de janeiro
Leia a revista
Em versão ePaper
Ler agora
Edição de 29 de dezembro a 4 de janeiro

O Almirante Gouveia e Melo adoptando um estilo quezilento e anti-político deixou pelo menos uma coisa bem clara: não tem jeitinho algum para a função a que se candidata. Afogar-se-á no aquário das presidenciais.

Não querendo competir com as celebridades que dizem nos programas da moda o que nos vai acontecer de “certezinha absoluta”, não tendo bola de cristal e já tendo esquecido o pouco que percebia de cartas, arrisco as minhas previsões, desejando a todos um 2026 com felicidade e saúde.

CARNEIRO – não antevejo sina feliz para o premier socialista. Será um ano em que Pedro Nuno Santos continuará a agitar as águas públicas, impedindo navegação a todo o vapor do novo politburo do Rato. José Luís Carneiro terá de escolher entre o sentido de estado de permitir o decurso normal da governação, colocando na mesa propostas negociais razoáveis, ou assegurar prima facie a sua sobrevivência interna, entrando em modo demagógico ao estilo “Chega”. Garantido é que, ao menor vislumbre de poder, a ala “costista”, de que é herdeiro Pedro Nuno, tentará fazer-lhe o que o ídolo deste fez a Seguro, “apunhalando-o” no senado socialista.

TOURO – Não tenho previsão alguma, de tão baralhado que estou. O que antes simbolizava cornos, simboliza agora – segundo Mariana Mortágua – uma homenagem à cultura rock, pelo que os grupos de forcados devem ser coros gospel. Não arrisco mesmo.

GÉMEOS – Vem-me à memória o hilariante filme protagonizado por Arnold Schwarzenegger e Danny DeVito em que dois gémeos completamente diferentes exibem tiques comuns. E, fruto de uma mente que até a mim me preocupa, lembro-me, em seguida, de Gouveia e Melo e Ventura… Os tiques anti-sistema e anti-partidos do Almirante são demagogia eleitoral e alguém devia explicar-lhe que, não sendo partidária, a Presidência é um cargo político, sendo feia a sobranceria com que olha o meio. Cada vez mais parece um Ventura de farda.

CARANGUEJO – Seria interessante que alguma comunicação social aproveitasse 2026 para deixar de “andar de lado” e revelasse, como noutras democracias, se tem alguma inclinação ideológica ou estratégica. De nada serve temer o que pode advir de um governo populista e, ao mesmo tempo, viver um encantamento com Ventura mais persistente do que o fascínio com que o coelho se fixa nos olhos da cobra.

 LEÃO – É deste felino a coragem que se pedirá à maioria parlamentar do PSD. Os ataques políticos programados, as movimentações sindicais e o escrutínio mediático “militante” estarão em alta nas diversas fases lunares e com ascendente no PSD.

 VIRGEM – Signo escasso na política se tomado como sinónimo de pureza; talvez possa desejar que tenhamos um ano com coisas em que tivemos acentuada virgindade nos últimos anos: política sem populismo, futebol sem casos, sociedade com cordialidade e por aí fora. Sonhar não custa.

 BALANÇA – Agora que o símbolo do PRD já nada significa, vejo que finalmente oscila a enferrujada balança da Justiça. Que resultem as reformas, sobretudo na área administrativa e fiscal, onde o estado da arte roça o escândalo.

ESCORPIÃO – Entre Pedro Nuno e António Costa, venha o diabo e escolha. Os camaradas que se precatem, porque são figuras que “picarão” quem esteja no caminho. A maneira como Pedro Nuno Santos reagiu ao arquivamento do processo de investigação a Luís Montenegro é rancorosa e pouco menos do que vergonhosa.

SAGITÁRIO e CAPRICÓRNIO – Tratando-se de duas figuras mitológicas, quem nelas tiver ascendente ou delas for nativo pode esperar um ano com coisas que não existem: coerência de Ventura em todas as áreas que não envolvam populismo ou xenofobia, um Chega sem mais casos escandalosos, o líder parlamentar do mesmo partido fazer uma intervenção com sentido de estado e três frases gramaticalmente bem arrumadas, entre outras coisas.

AQUÁRIO – Com passado em mares revoltos (que respeito), o Almirante Gouveia e Melo adoptando um estilo quezilento e anti-político deixou pelo menos uma coisa bem clara: não tem jeitinho algum para a função a que se candidata. Afogar-se-á no aquário das presidenciais.

PEIXES: agora que entre outras coisas (como o “bué da” e a palavra “tipo” dita seis vezes numa frase de dez palavras) a “perca” de algo nada entre nós e o conhecido socialista já não encomenda “robalos”, resta esperar que a vida pública não descambe numa tremenda peixeirada que só favorece um político… Esse mesmo! O que promete o que não pode dar, nos divide por raças e culturas e quer fazer de Portugal a paróquia que nunca foi.

Mais crónicas do autor
30 de dezembro de 2025 às 07:00

Horóscopo 2026 – O que não está escrito nas estrelas

O Almirante Gouveia e Melo adoptando um estilo quezilento e anti-político deixou pelo menos uma coisa bem clara: não tem jeitinho algum para a função a que se candidata. Afogar-se-á no aquário das presidenciais.

16 de dezembro de 2025 às 07:00

Uma greve ao léu

O País, o Governo, os sindicatos e os assuntos em apreço continuam pendentes como, presumo, os parcos argumentos do manifestante que achou que a nudez era mensagem política.

02 de dezembro de 2025 às 07:00

CR7 e o zepelim

A propósito das tolices que se disseram em torno da visita de Ronaldo a Trump, lembrei-me de uma de muitas letras geniais de Chico Buarque: “Geni e o Zepelim”.

18 de novembro de 2025 às 07:00

Jolly Jumper

Apoiando Marques Mendes, recuso-me a “relinchar” alegremente campanha fora, como parece tomar por certo o nosso indómito candidato naquele tom castrense ao estilo “é assim como eu digo e porque sou eu a dizer, ou não é de forma alguma!”.

Mostrar mais crónicas

Prioridade adiada: a Justiça à entrada de 2026

Maioria dos problemas que afetam o sistema judicial português transita, praticamente inalterada, de um ano para o outro. Falta de magistrados do Ministério Público e de oficiais de justiça continua a ser uma preocupação central. A esta escassez humana soma‑se a insuficiência de meios materiais e tecnológicos.

O ano 1 da Grande Transição

Este ano de 2025 acabou com a Ordem Internacional Liberal. Parece vir aí uma nova Ordem das Grandes Potências, baseada na Força, já não nas regras. Mas ainda só estamos a iniciar a Transição. Trump fez um primeiro ano de segundo mandato desastroso. Putin agradece e tentará, em 2026, aproveitar o triunfo de ter "conquistado" Washington, apesar de, no terreno, ter falhado a tomada de Kiev. Preparem-se para alguns anos de incerteza, risco e nevoeiro. Nós, europeus, ainda não sabemos lidar com a perda americana