Não estamos preparados para o mínimo de disrupção do nosso sistema económico, ambiental ou energético. Mas estamos sempre preparados para voltar a contactar e conectar com as nossas comunidades, havendo espaço público para tal.
Esta não é uma reflexão filosófica sobre o apagão. Mas antes uma constatação sobre o que nos impede de ser. E quando a falta de electricidade liberta muitas pessoas do seu trabalho, dos seus vícios, relembramo-nos, ainda que temporariamente, da nossa
condição mais humana. Os relatos dos jardins, das esplanadas, das marginais cheias mostram também o que valorizamos quando não estamos presos: das nossas cidades e dos espaços públicos. E sim, efetivamente, o povo saiu à rua. À procura da liberdade, de espírito de comunidade, de segurança. E encontrou-a precisamente nos seus bairros, nos seus vizinhos, nas pessoas mais velhas (que por sinal estão bem mais preparadas para estes desafios), e encheram-se as ruas com vida, no momento em que todo o sistema falhou, voltamos para o nosso estado padrão: rodeado de pessoas.
Claro que a romantização destes momentos tem de ser contrastada com o pânico generalizado das pessoas, pelas corridas aos mercados, pela procura dos seus entes mais queridos e vulneráveis, também estas condições humanas. Não esquecer que todos os geradores de hospitais estavam a prazo, com apenas poucas horas de energia, sem saber se haveria ou não outro carregamento fruto da falta de comunicações. Pais sem conseguir falar com filhos, netos sem conseguir contactar avós, e toda a gente sem qualquer informação do que se estaria a passar. A desinformação acentuou-se nos poucos períodos em que havia comunicação com alguns órgãos de comunicação social a alavancar algumas das mesmas notícias que se viriam a demonstrar falsas. Por outro lado, até ministros do nosso governo sucumbiram perante as fake news e prestaram declarações públicas
propagando teorias que se vieram a provar falsas.
Tudo isto desemboca numa certeza: não estamos preparados para o mínimo de disrupção do nosso sistema económico, ambiental ou energético. Mas estamos sempre preparados para voltar a contactar e conectar com as nossas comunidades, havendo espaço público para tal. Se num espaço curto de anos a pandemia mostrou a fragilidade do contacto e da nossa sociedade, o apagão ibérico mostrou a dependência energética que temos ainda de outros países. Aliás, mostrou como as comunidades autónomas de energia são uma garantia de soberania e resposta a crises energéticas deste tipo, sempre adiadas pelos governos em funcionamento. Seria ingénuo acreditar que iríamos retirar informações importantes para o futuro, mas será trágico não extrairmos nenhuma lição do que se passou. A autonomia energética, a descentralização dos recursos, os sistemas de comunicação comunitários e os planos de emergência locais devem deixar de ser ideias do papel para se tornarem realidade.
Sem dúvida que foi um dia histórico, que nos relembrou da nossa fragilidade e falta de preparação para qualquer evento disruptivo. Para quem tem animais de companhia (como eu tenho), o passeio da hora de almoço foi surpreendente pela quantidade de pessoas presentes nas ruas, a falar, felizes, juntas, durante o dia. Isto foi-se estendendo e aumentando até à última luz solar, momento esse que nos traria a luz de volta. Esse é o momento em que percebemos o seu valor, que tanta falta nos fez por algumas horas. E também é o momento em que a rotina e a indiferença volta a reinar no bairro. É inquietante a rapidez com que nos esquecemos. Passam apenas algumas horas, e toda a península voltou ao seu quotidiano. A tal conveniência espontânea que aconteceu no dia anterior, deixou de existir como se nunca tivesse acontecido. Por breves horas, fomos vizinhos.
A questão passa sempre por garantir que as regras e leis estão a ser também transpostas para o mundo digital. Sabemos bem que a maioria destes comentários feitos
fora destas redes sociais trariam consequências legais para estes indivíduos. No entanto, nem sabemos sequer quem os escreve.
São estes os nomes das pessoas que ativamente procuram lucrar com o ódio, a polarização e que atiram areia para cara dos portugueses com falsos problemas. Mas não são só estes nomes que são responsáveis pela deriva antidemocrática, racista e xenófoba que acontece no nosso país.
Uma pessoa que vem da população para a política e que passou por todos os problemas que hoje tenta resolver. Um muçulmano apoiado por judeus. Tudo na sua história parece indicar pouca probabilidade de atingir o sucesso, especialmente no contexto financeiro americano, mas cá está ele.
Se o tema associado à sustentabilidade das próximas gerações sempre teve como prioridade o aspecto ambiental do planeta, cada vez mais parece ser apenas a ponta do iceberg.
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O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.
Até porque os primeiros impulsos enganam. Que o diga o New York Times, obrigado a fazer uma correcção à foto de uma criança subnutrida nos braços da sua mãe. O nome é Mohammed Zakaria al-Mutawaq e, segundo a errata do jornal, nasceu com problemas neurológicos e musculares.