Se formos verdadeiramente honestos, ainda falta muito para haver liberdade. Neste momento é apenas um privilégio reservado a quem tem estabilidade económica, uma herança social e o género certo.
A "liberdade" é por estes dias a palavra mais cobiçada. Mas é também um exemplo claro dos conceitos que, por serem tão usados, acabam por correr o risco de se tornarem ocos. Em Portugal, vemos uma direita radical a desejar uma "liberdade" económica, à esquerda uma "liberdade" social. Os centristas a quererem apenas a "liberdade". Repetem-se os slogans, as campanhas. Mas a verdadeira liberdade é tudo menos, performativa e oca. É difícil, é exigente e é, acima de tudo, desconfortável. Sentir a liberdade não é apenas poder falar sobre o que queremos como queremos. É ser ouvido. É poder discordar sem medo, sem segundas intenções. É ter tempo para pensar e espaço para mudar. É desafiar-nos e às nossas comunidades. É a empatia de perceber que a minha liberdade não pode ser garantida à custa do outro. Não basta gritar, é preciso garanti-la e defendê-la. E, mais importante, não proteger apenas a nossa liberdade, mas sim, a de todos. Só somos livres quando todos formos livres.
Esta liberdade foi–se alterando ao longo das últimas décadas. Foi sussurrada nas prisões, proibida nos jornais, escrita em muitas cartas clandestinas. Mas ganhou vida nos gritos na rua, nas pinturas em muros e no som das nossas músicas. 51 anos depois duma das nossas maiores conquistas - o 25 de Abril - continuamos a defendê-la e aprofundá-la. Porque se formos verdadeiramente honestos, ainda falta muito para haver liberdade. Neste momento é apenas um privilégio reservado a quem tem estabilidade económica, uma herança social e o género certo. Não há liberdade enquanto se vive refém de baixos salários, contratos precários, rendas elevadas e custo de vida desproporcional. Não há liberdade se dependemos de transportes que nunca chegam, de serviços públicos deficitários e oportunidades que não surgem. Não há liberdade para quem tem medo de andar na rua, quem tem medo de ir para casa ou quem tem medo de falar. Não há liberdade para poder amar quem quiser, vestir o que quiser ou simplesmente ser.
Vivemos tempos em que toda a gente se quer apropriar da palavra para justificar o direito de excluir, ofender e negar direitos aos outros. Mas o verdadeiro compromisso com a palavra é coletiva. E por isso, essa liberdade precisa de ser alimentada pela justiça, a educação e a cultura. Por todos nós.
Se aprendemos algo com a História, é que a liberdade não se esgota no momento em que é conquistada e certamente não é eterna. Também não cresce quando se grita e se fala sobre ela. Celebrá-la, como iremos celebrar esta semana, não é apenas evocá-la. É reconhecer as lutas que ainda se travam, o caminho que temos pela frente, e, sobretudo, com quem se faz esse caminho.
Nos 50 anos de Abril assistimos também a 50 deputados da extrema-direita no parlamento português. Na altura a pergunta era sempre: "como é que chegamos até aqui?". A verdade é que tratamos sempre a liberdade como algo conquistado. Comemorámos Abril com respeito, mas nem sempre com a ação necessária. Fizemos dele um verdadeiro símbolo do país, mas quando a democracia não resolve os problemas do dia-a-dia das pessoas comuns, quando as desigualdades se agravam, quando a política se distancia do eleitor, a liberdade fica mais longe e o populismo aproveita-se. Não se combate o extremismo apenas com indignação moral. Temos de perceber como é que ele aparece, como usa o medo e a emoção para nos dividir, para mais tarde conquistar. O fascismo não cresce apenas com a ignorância. O populismo cresce com o desencanto. Quando temos partidos políticos cada vez menos representativos do cidadão, quando os políticos falham em ser a ponte, quando deixam de ouvir, é quando a liberdade também vai diminuindo. Que nestas celebrações se grite pela verdadeira liberdade. A liberdade que ainda não temos. A liberdade que nos faz sonhar. A liberdade que inspira.
A questão passa sempre por garantir que as regras e leis estão a ser também transpostas para o mundo digital. Sabemos bem que a maioria destes comentários feitos
fora destas redes sociais trariam consequências legais para estes indivíduos. No entanto, nem sabemos sequer quem os escreve.
São estes os nomes das pessoas que ativamente procuram lucrar com o ódio, a polarização e que atiram areia para cara dos portugueses com falsos problemas. Mas não são só estes nomes que são responsáveis pela deriva antidemocrática, racista e xenófoba que acontece no nosso país.
Uma pessoa que vem da população para a política e que passou por todos os problemas que hoje tenta resolver. Um muçulmano apoiado por judeus. Tudo na sua história parece indicar pouca probabilidade de atingir o sucesso, especialmente no contexto financeiro americano, mas cá está ele.
Se o tema associado à sustentabilidade das próximas gerações sempre teve como prioridade o aspecto ambiental do planeta, cada vez mais parece ser apenas a ponta do iceberg.
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O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.
Até porque os primeiros impulsos enganam. Que o diga o New York Times, obrigado a fazer uma correcção à foto de uma criança subnutrida nos braços da sua mãe. O nome é Mohammed Zakaria al-Mutawaq e, segundo a errata do jornal, nasceu com problemas neurológicos e musculares.