Quase 15% das mulheres afirma que a experiência de parto afetou negativamente a sua vontade de ter filhos no futuro. Estes dados demonstram a necessidade de uma reflexão ainda mais profunda sobre as práticas obstétricas.
A discussão sobre a violência obstétrica em Portugal não é novidade, mas é frequentemente posta para debaixo do tapete. Apesar de ser um fenómeno global, tem várias formas distintas de se manifestar, incluindo o abuso de episiotomias, falta de anestesia, pressão sobre o abdómen (Manobra de Kristeller) ou cesarianas desnecessárias. Infelizmente este tipo de violência não se restringe só a atos físicos, podendo também se manifestar sob a forma de comentários ofensivos e humilhantes, desconsideração da autonomia da mulher, falta de informação sobre o parto e plano de parto e, até, imposição de padrões rígidos sobre o mesmo.
Em 2019 houve um bom avanço legislativo para protecção das mulheres e das mães com as recomendações aprovadas pela Assembleia da República, resolução do Conselho da Europa e das Nações Unidas. No entanto, há pouco acesso a novos dados sobre este problema. Em Portugal, a discussão nasce de um relatório sobre a "Experiência do Parto em Portugal" realizado pela Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e
no Parto. É um relatório aterrador, onde mostra que 43,5% das mulheres inquiridas afirma não ter tido o parto que desejavam. Perto de 43% declararam que não receberam informação sobre o parto e que não foram consultadas sobre algumas das intervenções às quais foram sujeitas. Quase 15% das mulheres afirma que a experiência de parto afetou negativamente a sua vontade de ter filhos no futuro. Estes dados demonstram a necessidade de uma reflexão ainda mais profunda sobre as práticas obstétricas.
Entre tudo isto ainda chama a atenção uma prática médica denominada de episiotomia. Para quem não sabe, a episiotomia consiste na realização de um corte no períneo (região entre a abertura da vagina e do anus) com o objetivo de ampliar a abertura do canal de parto, facilitando a saída do bébe. O objectivo é, teoricamente, prevenir certas lacerações mais graves. Olhando para os números globais vemos realidades completamente distintas. Enquanto Dinamarca apresenta números de episiotomias a rondar os 5% dos partos, Portugal apresenta perto de 70% (dados de 2019). Apesar dos últimos dados apontarem para uma redução do seu uso em Portugal (alguns centros hospitalares reportaram mais recentemente para os 25%), estão ainda longe dos números recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda perto dos 10%.
Inclusive salta à vista países como Estados Unidos da América que reduziram na última década para os 5%, Canadá para os 15%, França para os 20%. A OMS desaconselha o uso sistemático da episiotomia em partos vaginais, sendo apenas reservada para casos onde haja uma indicação médica clara e com claro consentimento e bem-estar da mulher como prioridade.
Em 2021, a Ordem dos Médicos recusa mesmo que a violência obstétrica seja umarealidade em Portugal. Este tipo de declarações, em contraciclo com as evidências e dados apresentados, reforçam o silêncio institucional, perpetuam esta violência e descredibilizam todos os testemunhos prestados por milhares e milhares de mulheres. É uma falta de respeito, de sensibilidade e de responsabilidade. Esta normalização de práticas inadequadas e desnecessárias sem considerar a decisão da mulher reflete uma cultura que ainda vê o corpo feminino como algo a ser controlado, mesmo num dos momentos mais íntimos e transformadores da vida. É fundamental que as mulheres conheçam os seus direitos, tenham acesso livre à informação e que exijam esse respeito durante todo o processo. A maternidade não pode ser um espaço de imposição e sofrimento, mas de
A questão passa sempre por garantir que as regras e leis estão a ser também transpostas para o mundo digital. Sabemos bem que a maioria destes comentários feitos
fora destas redes sociais trariam consequências legais para estes indivíduos. No entanto, nem sabemos sequer quem os escreve.
São estes os nomes das pessoas que ativamente procuram lucrar com o ódio, a polarização e que atiram areia para cara dos portugueses com falsos problemas. Mas não são só estes nomes que são responsáveis pela deriva antidemocrática, racista e xenófoba que acontece no nosso país.
Uma pessoa que vem da população para a política e que passou por todos os problemas que hoje tenta resolver. Um muçulmano apoiado por judeus. Tudo na sua história parece indicar pouca probabilidade de atingir o sucesso, especialmente no contexto financeiro americano, mas cá está ele.
Se o tema associado à sustentabilidade das próximas gerações sempre teve como prioridade o aspecto ambiental do planeta, cada vez mais parece ser apenas a ponta do iceberg.
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Agora, com os restos de Idan Shtivi, declarado oficialmente morto, o gabinete do ministro Paulo Rangel solidariza-se com o sofrimento do seu pai e da sua mãe, irmãos e tias, e tios. Família. Antes, enquanto nas mãos sangrentas, nem sequer um pio governamental Idan Shtivi mereceu.
Na Europa, a cobertura mediática tende a diluir a emergência climática em notícias episódicas: uma onda de calor aqui, uma cheia ali, registando factos imediatos, sem aprofundar as causas, ou apresentar soluções.
"Representa tudo o que não sei como dividir. As memórias, os rituais diários, as pequenas tradições. Posso dividir móveis e brinquedos, mas como divido os momentos em que penteava o cabelo da Ema todos os dias enquanto ela se olhava no espelho?"
No meio da negritude da actualidade política, económica e social em Portugal e no resto do Mundo, faz bem vislumbrar, mesmo que por curtos instantes, uma luz.