As pessoas não podem ser arrumadas em caixinhas em razão da idade. Este é um apelo ao diálogo, empatia e solidariedade entre gerações. Esta é uma convocatória para o combate ao idadismo.
Portugal está no pelotão da frente da Europa no que diz respeito ao envelhecimento da população. Esta tendência manter-se-á constante, com efeitos sociais e económicos duradouros. As dificuldades de emancipação dos jovens e a incapacidade de constituir família, a par da conquista civilizacional que é o aumento da esperança média de vida, explicam o inverno demográfico. A vaga de frio não chegou agora, mas, agravou-se, porque Portugal manteve-se estático perante as estatísticas que vinham denunciando a realidade demográfica.
Acredito que os jovens e as pessoas idosas têm mais em comum do que aquilo que os separa. Não raras vezes, em várias esferas da vida, são alvo de estereótipos, preconceitos e discriminação com base na idade, uma vez que persistem ideias feitas que rotulam as (in)capacidades da pessoa em função da idade cronológica. Falta ao País a capacidade de unir gerações, incentivando o contributo e a participação de todas as idades e das diferentes gerações como ativo para uma sociedade próspera e coesa.
É urgente reunir condições para que os jovens não sejam condenados a emigrar. As reivindicações da juventude não são egoístas, nem centradas apenas na minha geração. São exigências por Portugal. Um País que afasta os seus jovens torna-se insustentável, triste e sombrio para pais e avós. Por isso, é preciso devolver a magia da infância, conciliar verdadeiramente a vida ativa com a vida familiar, e promover a natalidade, ao aproximar o número de filhos real do desejado. Pensar nas gerações presentes e futuras, incluindo as que hão de nascer é, desde logo, dar oportunidade a que nasçam.
Além disso, o equilíbrio entre gerações tem de ser conseguido no mercado de trabalho. Os jovens sentem que, devido à idade, precisam de provar que o seu desempenho não corresponde às imagens negativas associadas a esta faixa etária. Acresce que continuam com contratos temporários involuntários e, em períodos de crise, são os primeiros a serem afastados. Também existem outras barreiras: "Se te ensinar, ficas a saber tanto quanto eu". Na pré-reforma, as pessoas são facilmente dispensadas com rescisões de contratos ditas amigáveis, e são das últimas a serem contratadas, pois "já não conta, já tem idade para a reforma". A economia precisa de uma força de trabalho multigeracional. As organizações diversas e que contrariam o isolacionismo geracional beneficiam de inovação, talento e energia, e de know-how e memória institucional. O idadismo limita as aspirações pessoais, as pretensões de capacitação ao longo da vida e de prolongamento dos anos de trabalho para quem o desejar, condicionando a capacidade de cada um poder alcançar o seu potencial pleno e a produtividade da economia portuguesa.
Para além do emprego, outro princípio enfatizado pelo Fórum Económico Mundial para a transição demográfica, na reunião de Davos, foi priorizar o envelhecimento saudável. Enquanto que, em 2020, a esperança de vida dos portugueses aos 65 anos foi de 20 anos, a expectativa de vida saudável foi de apenas 8. Quem tem a "sorte" de envelhecer, não pode ter o "azar" de ser idoso. As pessoas idosas precisam de ser resgatadas da pobreza, do infortúnio da solidão e do sofrimento da doença, com sentido de comunidade e articulação dos setores da saúde e social, que hoje não dão respostas adequadas. Se vivemos mais tempo, importa melhorar a qualidade desses anos. Desde cedo, as pessoas devem ser preparadas para vidas mais longas, que se querem mais dignas e completas, orientadas para ganhos em saúde, bem-estar, autonomia e realização pessoal. A importância da literacia em saúde não pode ser negligenciada, assim como a promoção da saúde e a prevenção da doença crónica, evitando a sobrecarga dos sistemas de saúde e da segurança social.
As pessoas não podem ser arrumadas em caixinhas em razão da idade. Este é um apelo ao diálogo, empatia e solidariedade entre gerações. Esta é uma convocatória para o combate ao idadismo. Pela diversidade intergeracional, sob pena de, sem valorização, as pessoas envelhecerem tão rapidamente quanto envelhece Portugal. Pela sustentabilidade do País, para que, para além do que já viveu, Portugal possa continuar a viver.
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