Há pais vacinados que não querem vacinar os seus filhos, esquecendo que todas as crianças têm o direito a serem protegidas de doenças evitáveis por vacina.
Desde 2016, vários países europeus debatem-se com a ocorrência de surtos de sarampo. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde emitiu um aviso sobre o perigo de contágio de sarampo. Está em causa um aumento galopante do número de casos, que passou de 941 reportados em 2022, para mais de 30 mil em 2023.
A vacinação é a principal medida de prevenção do sarampo, considerada uma das doenças infeciosas mais contagiosas. De acordo com os dados avançados pelo The Guardian, entre 2020 e 2022, cerca de 1,8 milhões de crianças na Europa não foram vacinadas contra a doença.
Há pais vacinados que não querem vacinar os seus filhos, esquecendo que todas as crianças têm o direito a serem protegidas de doenças evitáveis por vacina. A vacinação é um dos maiores sucessos da saúde pública, é factual. Com décadas e décadas de conhecimento acumulado, a investigação científica e os cientistas merecem ser respeitados. Saibamos separar os factos das opiniões, a verdade da mentira e a realidade da ficção.
Embora os movimentos antivacina não sejam novos, a pandemia da covid-19 tornou-os mais visíveis, com a radicalização de opiniões. A covid-19 foi a tempestade perfeita que permitiu que os negacionistas e os extremistas explorassem o medo e a incerteza, semeando dúvidas, paranoias e conspirações, particularmente através das redes sociais, cujo alcance não é comparável ao de publicações científicas.
Os efeitos da pandemia ainda persistem. Os negacionistas ganham força e os ataques à ciência são deliberados. Há quem continue a acreditar na desinformação caótica instalada nesse período e a olhar com ceticismo para a eficácia e segurança das vacinas, mesmo com milhões de vidas salvas. A pseudociência e as alegações não fundamentadas sobre vacinas que "alteram o ADN" ou "envenenam" quem se vacina propagam-se. Com estas cabeças que se acham iluminadas e detentoras da verdade, crescem as atitudes de oposição à vacinação, ao ponto de reaparecerem doenças dadas como extintas e que podem ser prevenidas.
Além da ameaça individual, a hesitação vacinal é um obstáculo para proteger as comunidades. Mas, os efeitos negativos não ficam por aqui. Os movimentos antivacina são um prenúncio do estado de saúde da nossa democracia.
O negacionismo é um vírus pavoroso que contagia as democracias liberais. Não pode andar à solta, descontrolado propositadamente, como se a democracia não fosse um bem a cuidar. São necessários esforços de vacinação para travar a transmissão da desinformação ao serviço de extremismos, populismos e tiques totalitários, que querem confundir, intimidar, desprezar e silenciar a verdade.
Embora o risco de propagação de sarampo seja baixo em Portugal e os níveis de vacinação sejam altos, não tenhamos uma perceção distorcida do risco da desinformação, que está a vencer no digital. A democracia prepara-se para festejar 50 anos no nosso País e precisa de imunidade duradoura contra as ameaças letais. Tal como no combate à covid-19 ou ao sarampo, também a proteção da democracia envolve um esforço coletivo e o sucesso depende de cada um de nós.
Ana Gabriela Cabilhas é candidata às eleições legislativas pela Aliança Democrática
Acredito que a hipnocracia, ao criar imaginários coletivos, pode beneficiar ou boicotar uma governação e influenciar eleições, sempre com consequências destrutivas para as instituições democráticas.
A imigração é uma das áreas que mais preocupação e polarização ocupa no debate público e político, sendo instrumentalizada pelos extremos à direita e à esquerda, por quem quer culpar os imigrantes por tudo e por quem quer ignorar que os imigrantes têm direitos e deveres.
Os centros públicos de Procriação Medicamente Assistida são 10, um número inferior aos 18 centros privados, e a resposta pública é inexistente no Alentejo e no Algarve.
O relatório "O consumidor de comunicações eletrónicas" da ANACOM mostra que 20% dos portugueses entre os 55 e os 64 anos nunca acedeu à internet e que o valor ascende aos 42% entre os 65 e os 74 anos, enquanto a média europeia é de 8% e 22%, respetivamente.
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
A escola é um espaço seguro, natural e cientificamente fundamentado para um diálogo sobre a sexualidade, a par de outros temas. E isto é especialmente essencial para milhares de jovens, para quem a escola é o sítio onde encontram a única oportunidade para abordarem múltiplos temas de forma construtiva.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.