Não é von der Leyen que está a perder a luta pela paridade
Embora as mulheres estejam a recuperar o atraso civilizacional, a mudança não está a ser tão rápida quanto o desejável e subsistem desigualdades que vão sendo perpetuadas, de acordo com critérios de antiguidade e desequilíbrio, enviesados e difíceis de serem esclarecidos.
Desde o nascimento da democracia, na Grécia Antiga, que não incluía mulheres, passando pela I República Portuguesa, que não permitia o sufrágio feminino, são vários os exemplos ilustrativos da secundarização histórica e sistemática do papel da mulher na sociedade.
Volvidos 50 anos de democracia e liberdade em Portugal, as mulheres cientistas, empresárias e tantas outras abafaram a visão da mulher diminuída na sua condição de pessoa. Timidamente, vão sendo conhecidas em lugares cimeiros, ocupando menos de um terço de cargos de gestão e liderança nas empresas. As mulheres ganharam o seu espaço nas profissões tradicionalmente dominadas por homens. O abando escolar é menor nas raparigas, as mulheres representam 60% dos licenciados portugueses, mas a sua participação continua a ser baixa nas áreas STEAM ou TIC. A diferença salarial entre homens e mulheres equivale a 48 dias de trabalho pagos aos homens, mas não às mulheres. Este fosso aumenta quando se avança nas qualificações e no grau de responsabilidade. Chegar a casa ainda significa fazer um turno de trabalho – não pago – uma vez que elas destinam mais de metade do tempo que aí passam acordadas a cuidar da casa e da família.
Embora as mulheres estejam a recuperar o atraso civilizacional nesta matéria, a mudança não está a ser tão rápida quanto o desejável e subsistem desigualdades que vão sendo perpetuadas, de acordo com critérios de antiguidade e desequilíbrio, enviesados e difíceis de serem esclarecidos. É difícil de explicar que não existam mulheres disponíveis para servir a causa pública. E, é muito difícil de acreditar. Por outro lado, não é difícil de explicar que equipas diversas e inclusivas apresentam ideias e abordagens novas e inovadoras, que podem servir melhor a sociedade, conduzir a políticas públicas mais eficazes e contribuir para a tomada de decisão e para a governação mais adequadas.
A garantia da igualdade de oportunidades na participação cívica, política e partidária é essencial para assegurar uma democracia representativa e de qualidade em vários níveis – local, nacional e europeu. Regra geral, em cada 10 Presidentes de Câmara, 9 são homens. Nas eleições autárquicas de 2021, o País regrediu na representatividade das mulheres Presidentes de Câmara. A Lei da Paridade contribuiu para acelerar a mudança. Ainda assim, nas últimas legislativas, o número de mulheres no Parlamento aproximou-se do número de mulheres eleitas em 2015, o que representa um terço dos deputados. A assimetria toma destaque pelas imagens do Conselho Superior de Defesa Nacional, sem mulheres nos lugares à mesa, e do Conselho de Estado, com apenas 4 mulheres em 18 membros.
Na União Europeia, a percentagem de eurodeputadas eleitas este ano – 39% – é semelhante à do mandato anterior, e existem mulheres em lugares de topo. Desde logo, a primeira mulher Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que depois de reeleita assumiu o objetivo de garantir paridade no novo colégio de Comissários, à semelhança do que alcançou anteriormente, contando com 13 mulheres e 14 homens. Em março deste ano, as mulheres ocupavam 48,5% dos cargos de direção da Comissão, contra 30% em 2014, resultado do impulso da Estratégia da União para a igualdade de género 2020–2025.
Com o conhecimento à data dos nomes indicados pelos Estados-Membros, há duas anotações: Portugal soube dar o exemplo com a escolha de uma mulher com currículo académico, profissional e político, Maria Luís Albuquerque. Já a União Europeia parece ter perdido uma oportunidade de afirmar o seu compromisso sério com a igualdade entre homens e mulheres como valor fundamental. As instituições, os organismos europeus e os Estados-Membros não se podem subtrair a esta responsabilidade. O lembrete de von der Leyen não dever ser ignorado e exige-se que os governantes saibam estar à altura, sem timidez quanto ao caminho a seguir.
Não é von der Leyen que está a perder a luta pela paridade, somos todos nós. Por isso, somos todos convocados a fazer mais e melhor. Com ambição. Para que os avanços conquistados não sejam perdidos no tempo, para que se possa ir mais além, e para que todos os cidadãos europeus tenham igualdade de oportunidades na construção europeia. Não de forma envergonhada, não porque fica bem, não reduzindo a participação da mulher a um adereço, mas de forma reconhecida, conjunta, equilibrada e como resultado da evolução cultural e da mudança de mentalidades.
Não é von der Leyen que está a perder a luta pela paridade
Acredito que a hipnocracia, ao criar imaginários coletivos, pode beneficiar ou boicotar uma governação e influenciar eleições, sempre com consequências destrutivas para as instituições democráticas.
A imigração é uma das áreas que mais preocupação e polarização ocupa no debate público e político, sendo instrumentalizada pelos extremos à direita e à esquerda, por quem quer culpar os imigrantes por tudo e por quem quer ignorar que os imigrantes têm direitos e deveres.
Os centros públicos de Procriação Medicamente Assistida são 10, um número inferior aos 18 centros privados, e a resposta pública é inexistente no Alentejo e no Algarve.
O relatório "O consumidor de comunicações eletrónicas" da ANACOM mostra que 20% dos portugueses entre os 55 e os 64 anos nunca acedeu à internet e que o valor ascende aos 42% entre os 65 e os 74 anos, enquanto a média europeia é de 8% e 22%, respetivamente.
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Brigitte e Emmanuel nada têm a ganhar com este processo que empestará ainda mais a atmosfera tóxica que rodeia o presidente, condenado às agruras políticas de um deplorável fim de mandato
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