Sábado – Pense por si

Ana Gabriela Cabilhas
Ana Gabriela Cabilhas Nutricionista e deputada do PSD
08 de setembro de 2024 às 12:50

A vida dos jovens não merece ser uma linha vermelha 

Capa da Sábado Edição 5 a 11 de agosto
Leia a revista
Em versão ePaper
Ler agora
Edição de 5 a 11 de agosto

A emigração jovem é um flagelo económico, mas também social e familiar. Por isso, governar para as novas gerações não tem impacte só numa faixa etária.

Não me lembro de políticas dirigidas aos jovens terem tanto peso na discussão pública e política. Durante anos, o País não governou para os mais jovens, abandonando-os e deixando-os à sua sorte. O Partido Socialista escolheu governar sem pensar no eleitorado que se foi afastando do próprio PS.   

O País mudou de rumo e o novo Governo ouviu o grito de esperança das novas gerações, escolhendo os filhos de Portugal como prioridade e governando com base na realidade. Os jovens estão a qualificar-se como nunca, mas cerca de 30% deixaram o País em busca de uma oportunidade. Estamos a exportar talento de forma gratuita, depois do investimento das famílias e dos contribuintes na educação destes jovens. O talento português é aproveitado por outros países, que se tornam mais competitivos.   

A emigração jovem é um flagelo económico, mas também social e familiar. Por isso, governar para as novas gerações não tem impacte só numa faixa etária. Governar para os jovens é governar a pensar nos avós e pais destes jovens, na dignidade devida após uma vida de trabalho e na sustentabilidade da segurança social. É governar a apostar na capacidade de trabalho do País, no crescimento e na produtividade da economia, no estímulo à inovação e ao empreendedorismo. É isso que o Governo está a fazer: a governar para estancar a debandada de jovens para outras paragens, porque se continuarmos a perdê-los vamos comprometer o seu futuro e o futuro de todos nós, e para incentivar o regresso dos que partiram. 

O IRS Jovem apresentado pela Aliança Democrática prevê uma redução de dois terços face à tabela geral de IRS - o que mantém o imposto progressivo - estabelecendo um máximo de 15%, com exceção do último escalão, dos 18 aos 35 anos. Assim, um jovem que comece a trabalhar aos 21 anos pode beneficiar largos anos da medida, o que permite ter mais segurança financeira, um horizonte de estabilidade e previsibilidade, e capacidade de planear o futuro.  

Esta visão é duradoura e estrutural, e contrasta com o IRS Jovem que vigora do Partido Socialista e outras medidas pontuais e presentinhos, a custo de resultados eleitorais imediatos, que com tantas regras e exceções se tornaram pouco abrangentes e pouco acessíveis. Com as negociações do Orçamento do Estado para 2025 vemos o PS contra os jovens portugueses. Sem surpresas, pois foi assim que nos foi habituando ao longo dos anos.  

Como justifica o Partido Socialista ser contra o IRS Jovem apresentado pelo atual Governo, quando Portugal tem a taxa de emigração mais alta da Europa? O País pode dar-se ao luxo de não fixar jovens com licenciatura ou mestrado? Não será injusto considerar como rico um jovem que ganhe 1500, 1600 ou 1700 euros líquidos por mês?  

Os jovens não aguentam mais ficar órfãos de soluções e merecem ter o direito a ficar no País que os viu nascer e crescer. Querem a responsabilidade e o empenho de todos. As abordagens ao problema podem ser duas: contornar ou enfrentar. A primeira já foi testada sem sucesso. Enfrentar o problema, com coragem e ambição, é a alternativa necessária, sob pena de Portugal ficar mais pobre, triste e envelhecido. Ainda há tempo para apagar linhas vermelhas. 

 

Mais crónicas do autor
31 de março de 2025 às 07:00

O triunfo da hipnocracia

Acredito que a hipnocracia, ao criar imaginários coletivos, pode beneficiar ou boicotar uma governação e influenciar eleições, sempre com consequências destrutivas para as instituições democráticas. 

03 de fevereiro de 2025 às 07:00

Ainda não vimos tudo

A imigração é uma das áreas que mais preocupação e polarização ocupa no debate público e político, sendo instrumentalizada pelos extremos à direita e à esquerda, por quem quer culpar os imigrantes por tudo e por quem quer ignorar que os imigrantes têm direitos e deveres.

20 de janeiro de 2025 às 11:05

Ao serviço da esperança

Os centros públicos de Procriação Medicamente Assistida são 10, um número inferior aos 18 centros privados, e a resposta pública é inexistente no Alentejo e no Algarve.

06 de janeiro de 2025 às 08:00

Analfabetismo deste século

O relatório "O consumidor de comunicações eletrónicas" da ANACOM mostra que 20% dos portugueses entre os 55 e os 64 anos nunca acedeu à internet e que o valor ascende aos 42% entre os 65 e os 74 anos, enquanto a média europeia é de 8% e 22%, respetivamente.

29 de dezembro de 2024 às 17:24

(Mais um) Feliz Ano Novo

Uma das marcas do ano que agora termina é a juventude no centro do debate público e político e, mais importante, no centro da ação governativa

Mostrar mais crónicas

Férias no Alentejo

Trazemos-lhe um guia para aproveitar o melhor do Alentejo litoral. E ainda: um negócio fraudulento com vistos gold que envolveu 10 milhões de euros e uma entrevista ao filósofo José Gil.