Sábado – Pense por si

Ana Gabriela Cabilhas
Ana Gabriela Cabilhas Nutricionista e deputada do PSD
21 de julho de 2024 às 12:09

Amizade faz bem à saúde

As amizades preenchem-nos. Precisamos delas para darmos mais anos aos anos de vida com qualidade. As relações são muito do que temos, do que somos, vivemos e partilhamos.

Foi durante a pandemia de Covid-19 que o isolamento social e o sentimento de solidão ganharam voz e se tornaram mais visíveis. Embora a pandemia tenha trazido uma consciência diferente para estes problemas, pelas suas implicações na saúde e no bem-estar da população, a solidão ainda continua a ser uma ameaça subestimada.

Em 2023, a Organização Mundial de Saúde declarou a solidão uma preocupação global de saúde pública e criou uma comissão internacional, dedicada a identificar as melhores soluções e os recursos mais eficazes. Por cá, as políticas públicas não podem ficar indiferentes à realidade: quase 1 milhão de portugueses vivem sozinhos, e ainda que metade tenha mais de 65 anos, há cada vez mais jovens e adultos dentro deste número.

A solidão não conhece limites, nem países, comunidades ou idades. Qualquer pessoa, em alguma circunstância da sua vida, pode sentir-se profundamente só e incompreendida. Segundo fontes oficiais, as pessoas em situação de solidão sentem que as relações com os seus amigos ou colegas estão aquém do que desejariam, ou não têm um relacionamento de intimidade ou um vínculo emocional próximo, como um melhor amigo.

Não deixa de ser paradoxal que a era das redes seja também a era da solidão. As crianças já nascem ligadas à internet e às redes sociais. Porém, o tempo de ecrã não substitui a interação pessoal - um abraço caloroso, a espontaneidade de um sorriso ou a piada com mais graça só para ver o outro feliz. Além disto, ao longo da vida, a correria frenética de exigências e responsabilidades pessoais, profissionais e domésticas vai deixando pouco tempo disponível para fazer crescer novas amizades ou para nutrir as amizades dos tempos da escola, da faculdade ou do primeiro emprego.

Contudo, as relações de amizade não devem ser descuradas. As amizades preenchem-nos. Precisamos delas para darmos mais anos aos anos de vida com qualidade. As relações são muito do que temos, do que somos, vivemos e partilhamos.

Estamos a poucos dias de assinalar o Dia Internacional da Amizade, data proclamada pela Organização das Nações Unidas em 2011. Ter amigos verdadeiros é viver com a certeza de que nunca mais estaremos sozinhos, numa rede de proteção, conforto e honestidade. Os amigos ficam, esperam por nós e levam-nos ao carro. Os amigos abrem-nos a porta quando todas as outras se fecham. E mesmo quando faltam, não falham, porque acabam sempre por chegar. Os amigos invadem a nossa casa, só para nos escutar e compreender. Brindam ao nosso lado, e ao nosso lado permanecem para dividir as angústias e multiplicar as alegrias. Estendem a mão para ajudar a levantar e dizem-nos o que queremos e o que não queremos ouvir. Marcam jantares sem hora de terminar, fazendo de todas estas ocasiões, momentos eternizados na memória e no coração. São farol de esperança e o lugar seguro onde queremos estar e voltar.

Este é um lembrete para cultivar as amizades e alimentá-las ao longo da vida. Para que o destino não seja a solidão. Já fizeste a tua parte hoje?

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