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O rasto de participação na internet expõe-nos à mesma informação e filtra o conteúdo que queremos ver. Os discursos são próximos, informais e sensacionalistas, sem compromisso com a verdade, nem responsabilidade. A desinformação prolifera de vídeo em vídeo e as posições extremadas e xenófobas ganham alcance.
Os Governos assobiaram para o lado perante as expectativas dos jovens que foram sucessivamente goradas. Sem resposta aos problemas estruturais, não é de estranhar que 30% dos jovens nascidos em Portugal já vivam lá fora. Portugal não pode prescindir dos seus jovens, nem a política. Porém, com a ausência dos desafios das novas gerações do debate político, os jovens sentiram-se mal-amados e acabaram por se afastar da participação política convencional, sem que isto signifique que sejam desinteressados ou apáticos. Passaram, então, a ocupar o espaço de participação através das plataformas digitais, e estas cavalgaram a sua insatisfação.
As comunidades estão a ser construídas no digital, onde as pessoas interagem através de hastags, likes, comentários e partilhas do conteúdo criado, que os algoritmos sinalizam. O rasto de participação na internet expõe-nos à mesma informação e filtra o conteúdo que queremos ver. Os discursos são próximos, informais e sensacionalistas, sem compromisso com a verdade, nem responsabilidade. A desinformação prolifera de vídeo em vídeo e as posições extremadas e xenófobas ganham alcance. Contudo, o contraditório, a discussão de ideias e a verificação de informação são exíguos, e os moderados sem retórica inflamada têm menor tração. Com o uso negativo das redes sociais, milhares de jovens são lançados, de forma rápida, num paradigma antissistema e reacionário, e os algoritmos vão conquistando o eleitorado jovem.
No Youtube há quem afunile a sua mensagem para o público mais jovem e capitalize o seu desalento, disseminando um espírito inovador questionável para subir na vida (porque criar conteúdo rende mais do que estágios profissionais e empregos mal remunerados), insistindo na ideia de enriquecimento rápido e fácil (não fosse o elevador social estar avariado e os jovens procurarem esperança), e triunfando os homens alfa (não tivéssemos um longo caminho a percorrer para atingir a igualdade de género), pervertendo os ideais e valores de adolescentes e adultos, votantes e futuros eleitores.
O ónus da responsabilidade não pode cair nas jovens gerações. Isto, porque, a literacia digital, sobre o sistema político e os media está ausente do currículo escolar, e porque os decisores manifestaram incapacidade na melhoria das condições de vida das novas gerações. Ah, os jovens raramente têm espaço nos media tradicionais e a discussão política não tem lugar à mesa em casa. Neste cenário, quem apresente soluções milagrosas que simplificam problemas complexos e seja farol de ânimo, mesmo com ideias disparatadas, que por tantas vezes serem ditas ficam verdades indubitáveis, torna-se viral e soma seguidores, no digital e na vida real.
O escândalo da Cambridge Analytica, com alegadas influências no referendo sobre o Brexit e nas eleições americanas em que Donald Trump saiu vencedor, relembra o grande risco que o digital traz à proteção da democracia se não for regulado. Estas plataformas, quando manipuladas, têm a capacidade de influenciar o pensamento e a decisão de milhões de cidadãos e, assim, de alterar os processos democráticos, o voto e o desenrolar da história. Mas, Portugal parece não aprender com a história dos outros e os fenómenos, embora mais tardiamente, vão cá chegando, amplificando o populismo, os extremismos e as ameaças à democracia.
O TikTok e o Youtube são os novos influenciadores políticos e chegaram ao xadrez partidário e ao combate eleitoral em Portugal. Os algoritmos além de conquistarem o eleitorado jovem, parecem conseguir a mobilização às urnas. Será, agora, que as novas gerações merecerão a devida atenção, ou, cair-se-á no erro de apontar o dedo aos jovens, com tiques paternalistas e acusações míopes de alheamento político? O povo é quem mais ordena, pelo que o voto consciente, informado e sem manipulação tem de ser uma preocupação para assegurar a democracia, pois só há verdadeira democracia com o livre-arbítrio dos cidadãos.
Ana Gabriela Cabilhas é candidata às eleições legislativas pela Aliança Democrática
Acredito que a hipnocracia, ao criar imaginários coletivos, pode beneficiar ou boicotar uma governação e influenciar eleições, sempre com consequências destrutivas para as instituições democráticas.
A imigração é uma das áreas que mais preocupação e polarização ocupa no debate público e político, sendo instrumentalizada pelos extremos à direita e à esquerda, por quem quer culpar os imigrantes por tudo e por quem quer ignorar que os imigrantes têm direitos e deveres.
Os centros públicos de Procriação Medicamente Assistida são 10, um número inferior aos 18 centros privados, e a resposta pública é inexistente no Alentejo e no Algarve.
O relatório "O consumidor de comunicações eletrónicas" da ANACOM mostra que 20% dos portugueses entre os 55 e os 64 anos nunca acedeu à internet e que o valor ascende aos 42% entre os 65 e os 74 anos, enquanto a média europeia é de 8% e 22%, respetivamente.
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A escola é um espaço seguro, natural e cientificamente fundamentado para um diálogo sobre a sexualidade, a par de outros temas. E isto é especialmente essencial para milhares de jovens, para quem a escola é o sítio onde encontram a única oportunidade para abordarem múltiplos temas de forma construtiva.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
Queria identificar estes textos por aquilo que, nos dias hoje, é uma mistura de radicalização à direita e muita, muita, muita ignorância que acha que tudo é "comunista"