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Zelensky afirma que há pelo menos 155 chineses a lutar pela Rússia

O Presidente ucraniano descreveu que um dos esquemas de recrutamento envolve as redes sociais, principalmente o TikTok, "onde os russos transmitem vídeos publicitários".

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou esta quarta-feira que as autoridades de Kiev já identificaram pelo menos 155 chineses a lutar ao lado da Rússia, e que Pequim está ao corrente do envio dos seus cidadãos para o conflito.

Andriy Andriyenko/Ukrainian 65 Mechanised brigade/AP

Em declarações a um grupo de jornalistas, o líder ucraniano acredita que existam "muitos, muitos mais" chineses ao lado das tropas russas, um dia depois de revelar que as forças ucranianas tinham capturado dois cidadãos da China na região de Donetsk, no leste da Ucrânia.

Segundo Zelensky, as autoridades chinesas sabiam que alguns dos seus cidadãos estavam a ser recrutados pela Rússia para combater na Ucrânia, mas ignora se existe alguma ordem dada nesse sentido por Pequim

"Simplesmente observamos, com base nos dados e detalhes que temos, que a China (...) estava ciente do envio. Não estamos a dizer que alguém deu uma ordem, não temos essa informação", declarou.

O Presidente ucraniano descreveu que um dos esquemas de recrutamento envolve as redes sociais, principalmente o TikTok, "onde os russos transmitem vídeos publicitários".

Volodymyr Zelensky explicou que os cidadãos chineses são depois submetidos a exames médicos na Rússia e a vários meses de treino para combater em território ucraniano e que recebem um cartão bancário russo, através do qual recebem o pagamento.

Em reação à revelação da captura dos dois combatentes, a China negou hoje que seus cidadãos estejam a participar de forma organizada na guerra na Ucrânia ao lado de tropas russas e reiterou a sua posição de neutralidade e empenho numa solução política para o conflito.

"A posição da China sobre a crise na Ucrânia é clara e consistente e é amplamente reconhecida pela comunidade internacional", afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jean, ao ser questionado sobre a alegada captura de dois cidadãos chineses na frente do Donbass (leste).

O porta-voz disse que Pequim está a "verificar a informação com o lado ucraniano" e sublinhou que o Governo chinês sempre exigiu aos seus cidadãos que "se mantenham afastados das zonas de conflito e se abstenham de participar em operações militares de ambos os lados".

Zelensky relatara no dia anterior que o Exército ucraniano tinha capturado dois militares chineses e que as autoridades de Kiev "têm documentos que os identificam", incluindo cartões bancários e informações pessoais encontrados entre os seus bens.

O Presidente ucraniano indicou que os soldados estão sob custódia do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) e comentou que o envolvimento de vários países, "seja direto ou indireto, é um sinal claro de que a Rússia quer fazer tudo menos acabar com a guerra".

Os Estados Unidos, que têm procurado alcançar um cessar-fogo entre as partes, também se pronunciaram sobre este caso, observando que a captura dos combatentes chineses "é preocupante" e acusando Pequim de apoiar Moscovo no seu esforço de guerra.

A porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, referiu que "a China é um grande facilitador da Rússia" na ofensiva na Ucrânia e fornece 80% dos artigos de tecnologia dupla que o Kremlin (presidência russa) "precisa para sustentar a guerra".

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