Sábado – Pense por si

Trump considera inoportuno teste de míssil russo de propulsão nuclear

Putin anunciou o sucesso do teste final de um míssil de cruzeiro com propulsão nuclear com um alcance de até 14 mil quilómetros.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, considerou hoje que o anúncio do homólogo russo, Vladimir Putin, sobre a realização do teste de um míssil de cruzeiro russo de propulsão nuclear, "é inoportuno".

Trump reage ao teste de míssil russo de propulsão nuclear
Trump reage ao teste de míssil russo de propulsão nuclear Reuters

O Presidente da Rússia "deveria pôr fim à guerra" na Ucrânia, afirmou o dirigente norte-americano, considerando que "é inadequado da parte de Putin" anunciar este teste.

“Esta guerra, que deveria durar uma semana, entrará em breve no quarto ano. É isso que ele deveria fazer, em vez de testar mísseis”, disse Trump, aos jornalistas, a bordo do avião que o leva ao Japão, no segundo dia de uma digressão pela Ásia.

O Presidente russo anunciou, no domingo, o sucesso do teste final de um míssil de cruzeiro com propulsão nuclear, elogiando a arma, que descreveu como única, com um alcance de até 14 mil quilómetros, em resposta ao escudo antimísseis dos EUA.

“Os testes decisivos estão agora concluídos”, disse Vladimir Putin num vídeo divulgado pelo Kremlin, durante uma reunião com responsáveis militares, ordenando que se comecem a “preparar as infraestruturas para colocar esta arma ao serviço nas forças armadas” russas.

Segundo garantiu, o Burevestnik ('pássaro da tempestade' em russo) tem um “alcance ilimitado” e “é uma criação única que mais ninguém no mundo possui”.

Durante o último teste, em 21 de outubro, o míssil Burevéstnik permaneceu no ar “cerca de 15 horas”, sobrevoando 14 mil quilómetros, precisou o chefe do Estado-Maior russo, Valeri Guerasimov, acrescentando que “este não é um limite” para este armamento.

“As características técnicas do Burevestnik permitem utilizá-lo com precisão garantida contra locais altamente protegidos situados a qualquer distância”, afirmou.

Vladimir Putin anunciou em 2018 o desenvolvimento pelo exército russo destes mísseis, capazes, segundo o líder, de superar praticamente todos os sistemas de interceção.

Segundo Guerasimov, “durante o seu voo, o míssil completou todas as manobras verticais e horizontais”, demonstrando assim “as suas grandes possibilidades na hora de eludir os sistemas antiaéreos e antimísseis”.

Putin destacou que se trata de “uma peça de armamento única que mais ninguém tem no mundo” e lembrou que especialistas do mais alto nível previram que tal projeto era “irrealizável”.

"E agora concluímos os testes finais", afirmou, orgulhosamente.

Putin anunciou pela primeira vez em outubro de 2023 um teste bem-sucedido com o Burevestnik, um míssil envolto em controvérsia devido aos numerosos testes falhados realizados no final da década passada.

A Rússia decidiu avançar com o desenvolvimento desses mísseis quando os EUA decidiram criar um escudo antimísseis, abandonando, em 2001, o tratado antimísseis, assinado por Moscovo e Washington em plena Guerra Fria (1972).

Putin dirigiu esta semana manobras das forças nucleares russas por terra, mar e ar, logo após o cancelamento da cimeira de Budapeste com Donald Trump, devido à recusa de Moscovo em cessar as hostilidades na Ucrânia.