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Papa destaca necessidade de as mulheres terem funções eclesiais na Amazónia

12 de fevereiro de 2020 às 15:41
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Esta é uma das reflexões do Papa na exortação apostólica pós-sinodal intitulada "Querida Amazónia", hoje divulgada, e que reúne o seu pensamento sobre o sínodo dos bispos da Amazónia, que decorreu em outubro no Vaticano.

OPapa Franciscodestacou esta quarta-feira a necessidade de as mulheres terem acesso a funções e serviços eclesiais nas comunidades amazónicas, com um reconhecimento público e envio por parte do bispo.

Esta é uma das reflexões do Papa na exortação apostólica pós-sinodal intitulada "Querida Amazónia", hoje divulgada, e que reúne o seu pensamento sobre o sínodo dos bispos da Amazónia, que decorreu em outubro no Vaticano.

"Numa igreja sinodal, as mulheres, que de facto realizam um papel central nas comunidades amazónicas, deveriam poder ter acesso a funções e inclusive serviços eclesiais que não requeiram a ordem sacra e permitam expressar melhor o seu lugar próprio", escreve o pontífice argentino.

O Papa adianta na sua reflexão que "convém recordar que tais serviços implicam uma estabilidade, um reconhecimento público e um envio por parte do bispo".

"Daqui resulta também que as mulheres tenham uma incidência real e efetiva na organização, nas decisões mais importantes e a guia das comunidades, mas sem deixar de o fazer no estilo próprio do seu perfil feminino", defende Francisco.

A exortação apostólica está dividida em quatro capítulos: um sonho social, um sonho cultural, um sonho ecológico e um sonho eclesial.

A referência às mulheres é feita no capítulo sobre o sonho eclesial com um subtítulo a exortar "a força e o dom das mulheres".

Na Amazónia, escreve o Papa, há comunidades que se mantiveram e transmitiram a fé durante longo tempo, mesmo decénios, sem que algum sacerdote passasse por lá.

"Isto foi possível graças à presença de mulheres fortes e generosas, que batizaram, catequizaram, ensinaram a rezar, foram missionárias, certamente chamadas pelo Espírito Santo. Durante séculos, as mulheres mantiveram a Igreja de pé nesses lugares com admirável dedicação e fé ardente. No Sínodo, elas mesmas nos comoveram a todos com o seu testemunho", refere o Papa.

O papel que as mulheres desempenharam, na opinião do Papa, convida a alargar o horizonte para evitar reduzir a compreensão da Igreja a meras estruturas funcionais.

"Este reducionismo levar-nos-ia a pensar que só se daria às mulheres um status e uma participação maior na Igreja se lhes fosse concedido acesso à Ordem sacra. Mas, na realidade, este horizonte limitaria as perspetivas, levar-nos-ia a clericalizar as mulheres, diminuiria o grande valor do que elas já deram e subtilmente causaria um empobrecimento da sua contribuição indispensável".

Sem as mulheres, escreve o Papa no documento, a Igreja desmorona-se, como "teriam caído aos pedaços muitas comunidades da Amazónia se não estivessem lá as mulheres, sustentando-as, conservando-as e cuidando delas".

Em outubro, o Papa Francisco anunciou a reativação da comissão de estudo sobre a possível ordenação de mulheres como diaconisas.

Durante o sínodo, a necessidade de dar maior relevância às mulheres na Igreja foi abordada amplamente, já que nas comunidades amazónicas são imprescindíveis para o funcionamento, como reconheceram todos os participantes.

No documento final do Sínodo, os bispos católicos pediram a ordenação de homens casados como sacerdotes e a reabertura de um debate sobre a ordenação de mulheres como diáconos, sustentando que "é urgente que a Igreja promova e confira na Amazónia ministérios para homens e mulheres de maneira equitativa".

O Sínodo dos Bispos é uma reunião de todo o episcopado católico em torno de um tema urgente para a Igreja e que, entre outros objetivos, visa promover o diálogo da instituição cristã com o povo do mundo inteiro, através de seus bispos.