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O último frente a frente de Trump e Biden

23 de outubro de 2020 às 07:48
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Debate entre os candidatos à Casa Branca foi mais calmo e contou com menos interrupções que o primeiro. Joe Biden falou num "inverno escuro" por causa da pandemia de Covid-19 e Donald Trump voltou a garantir: "temos uma vacina a chegar".

Depois de um aceso primeiro debate entre os candidatos à presidência norte-americana, com dezenas de interrupções, o último frente a frente entre Donald Trump e Joe Biden antes das eleições de 3 de novembro foi menos conflituoso. Com um botão de silenciamento a funcionar, e moderado pela jornalista da NBC News Kristen Welker - que Trump tinha chamado de "democrata radical de esquerda" -, o debate desta madrugada teve poucas interrupções e foi considerado pelos comentadores como mais aproximado dos debates políticos tradicionais nos Estados Unidos. Com a Covid-19 como primeiro tema da noite, Biden falou num "inverno escuro" por causa da pandemia e Trump voltou a garantir: "temos uma vacina a chegar".

"Estamos prestes a entrar num inverno escuro e ele não tem um plano claro", disse o candidato democrata em Nashville, Tennessee. "Não há perspetiva de que uma vacina estará disponível para a maioria do povo americano antes de meados do próximo ano", afirmou.

"Duzentos e vinte mil americanos mortos", disse Biden. "Qualquer pessoa que é responsável por tantas mortes não deve continuar a ser presidente", salientou, referindo que o país está a lidar com 70 mil doentes por dia.

Trump, que foi hospitalizado no início de outubro por Covid-19, defendeu a resposta da administração e enquadrou a crise como "uma pandemia mundial", apontando que a Europa está com um grande aumento de casos de infeção.

"Estamos a lutar em força", disse Donald Trump. "Temos uma vacina a chegar, está pronta e será anunciada dentro de semanas", afirmou. Questionado pela moderadora, o presidente escusou-se a dar pormenores sobre qual o laboratório que produzirá essa vacina, nem a garantir que será mesmo lançada em breve.

O que o presidente assegurou é que a pandemia "está a ir-se embora", algo que Joe Biden criticou, apontando que Trump "ainda não tem um plano compreensivo" e que a sua previsão para a vacina não é suportada pelas indicações dos cientistas.

"Aprender a viver com isto? Por favor. As pessoas estão a aprender a morrer com isto", disse Joe Biden, atacando o presidente pelo que considerou ser a falta de ação e a ausência de medidas que permitam às empresas e escolas "reabrirem em segurança".

Donald Trump, por seu lado, apontou que Joe Biden foi responsável pela resposta dos Estados Unidos à pandemia de H1N1 em 2009 e esta foi "um desastre total", que não originou grande mortalidade porque a doença era "menos letal".

"Não nos podemos fechar na cave", disse Trump, indicando que se Joe Biden for eleito vai "encerrar" o país todo. "A cura não pode ser pior que o problema em si", afirmou, dizendo que Nova Iorque é uma cidade fantasma e criticando a resposta dos estados democratas que ordenaram confinamento.

"Não tenho culpa de que isto tenha chegado cá, a culpa é da China", afirmou o presidente, que disse estar recuperado de Covid-19 e que aprendeu "bastante" depois de ter contraído a doença.

Segundo uma sondagem pós-debate da CNN, Joe Biden foi considerado vencedor pela maioria dos espetadores inquiridos, 53%, contra 39% que consideraram que Trump esteve melhor.

Norte-americanos queriam botão de silenciamento a funcionar mais no debate

Os eleitores norte-americanos consideraram hoje que o botão de silenciamento no debate entre candidatos presidenciais foi utilizado menos do que o necessário e destacaram a sugestão de inserir formas de verificação de factos imediatos no futuro.

A pergunta se o botão de silenciamento estaria a funcionar em condições foi feita por diversos cidadãos norte-americanos que assistiram ao segundo e último debate entre os candidatos a Presidente, Donald Trump e Joe Biden, na madrugada de hoje.

A insatisfação prendeu-se com o facto de o atual Presidente republicano ou o antigo vice-presidente democrata dizerem coisas fora de contexto e com algumas falsidades ou erros.

A comissão organizadora de debates presidenciais instaurou no debate o silenciamento do microfone para o candidato que tentasse interromper ou perturbar, uma decisão que resultou do primeiro debate entre Biden e Trump, em 29 de setembro.

Ainda assim, a medida foi bem vista na primeira parte do debate de hora e meia, mas pareceu ser menos usada do que o necessário na opinião de alguns visualizadores.

"Gostava que o botão de silenciamento tivesse funcionado mais" escreveu Donna Nixon, participante numa reunião virtual para a discussão entre mais de 50 pessoas sobre a prestação dos dois candidatos a Presidente.

Os pedidos para silenciamento de microfones ligaram-se mais às intervenções de Donald Trump, com a acusação, vinda de vários participantes virtuais, de o Presidente incumbente esconder informações sobre o novocoravírus, que provoca a doença covid-19.

Os assuntos em que houve mais pessoas a pedir ‘mute’ foram, entre outros, os pagamentos de impostos por Donald Trump, que declarou ter feito pré-pagamentos de impostos no valor de milhões de dólares, mas fugiu a responder se poderia provar os pagamentos.

Os comentários resumiram-se a protestar pelo exemplo que o Presidente dos Estados Unidos dá, havendo pessoas a perguntar se poderiam dar a desculpa de "estar com os impostos sob auditoria" para o atraso do pagamento de taxas.

Entre outros assuntos que provocaram mais discórdia entre os visualizadores também foram os programas para cuidados de saúde para toda a população, para os quais Donald Trump declarou estar a facilitar o acesso.

As opiniões uniram-se para dar nota positiva à moderadora Kirsten Welker, jornalista na Casa Branca para a cadeia televisiva NBC News, com elogios por a moderadora dar tempo adequado para cada um dos candidatos e a chamar à atenção quando os dois concorrentes se afastavam das questões postas.

Leia a melhor informação sobre as eleições nos EUA na edição especial da SÁBADO, dedicada inteiramente às presidenciais americanas, cujo tema de capa é assinado pelo vencedor de um prémio Pulitzer, Michael Rezendes.



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