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Nacionalistas europeus anunciam união de esforços após eleições

Encontro em Milão promovido pelo líder nacionalista italiano Matteo Salvini. Pelo menos 10 partidos vão participar na aliança que vai ser forjada após as europeias de 23 a 26 de maio.

Dirigentes de partidos nacionalistas da União Europeia anunciaram, esta segunda-feira, a intenção de se aliarem após as eleições de maio para o Parlamento Europeu (PE), num encontro em Milão, Itália, promovido pelo líder nacionalista italiano Matteo Salvini.

"Estamos a ampliar a comunidade, a família. Estamos a trabalhar para um novo sonho europeu", disse Matteo Salvini, líder da Liga e vice-primeiro-ministro do governo de coligação italiano, numa conferência de imprensa conjunta com dirigentes da Alternativa para a Alemanha (AfD), dos Verdadeiros Finlandeses e do Partido do Povo Dinamarquês.

"Hoje, para muitos cidadãos e povos, a União Europeia representa um pesadelo", acrescentou, ao apresentar o projeto intitulado "A Europa do bom senso, os povos levantam-se".

"Trabalhamos para voltar a pôr no centro o trabalho, a família, a segurança, a proteção do ambiente, o futuro dos jovens" em conjunto com "movimentos alternativos" à "aliança entre democratas-cristãos e socialistas" no poder há décadas em Bruxelas, disse Salvini.

O dirigente italiano admitiu que os movimentos nacionalistas "têm diferenças", mas frisou que têm em comum o compromisso com "as identidades e as tradições" e assegurou que a aliança que agora propõem vai crescer após as eleições europeias e tornar-se "uma força de governo e de mudança na Europa".

Jörg Meuthen, da AfD, disse na conferência que pelo menos 10 partidos vão participar na aliança que vai ser forjada após as eleições europeias de 23 a 26 de maio.

"Queremos reformar a União Europeia e o Parlamento Europeu, sem os destruir. Queremos protagonizar uma mudança radical", disse o político alemão.

Anders Vistisen, dirigente do Partido do Povo Dinamarquês, sustentou que o projeto hoje apresentado "visa defender o direito de cada Estado-membro a encontrar o seu próprio caminho".

"Se deixarmos que os nossos adversários nos dividam, vamos ver mais Bruxelas, menos segurança e o multiculturalismo e a identidade europeia sobreporem-se às identidades nacionais", defendeu.

O objetivo é ser "o grupo mais importante no Parlamento Europeu", insistiu Salvini, referindo que Milão vai ser palco, a 18 de maio, de um grande comício europeu de partidos nacionalistas.

Questionado sobre a razão de se associar à extrema-direita da AfD, o dirigente italiano respondeu que não lhe interessam "controvérsias locais" e, noutro passo, disse-se "cansado do debate sobre fascistas e comunistas, direita e esquerda".

"Não nos interessa, não interessa aos 500 milhões de cidadãos europeus. Nós olhamos para o futuro, o debate do passado fica para os historiadores", disse.

Sobre a ausência do encontro de hoje da líder da União Nacional francesa (RN, ex-Frente Nacional), Marine Le Pen, Salvini afirmou que foi mandatado por "todos os movimentos políticos do seu grupo" no PE, a RN incluída, para o lançamento deste apelo à unidade.

No atual PE, Salvini, Le Pen e outros partidos nacionalistas integram a Europa das Nações e das Liberdades (ENF), mas algumas das formações que agora admitem uma aliança integram outros grupos políticos, como a Aliança de Conservadores e Reformistas (ECR), a que pertencem o Partido do Povo Dinamarquês ou os Verdadeiros Finlandeses, ou a Europa da Liberdade e da Democracia Direta (EFDD), que integra a AfD.

O objetivo assumido por Salvini é juntá-los no grupo da Europa das Nações e das Liberdades e fazer deste o maior grupo político no PE.

Os vários partidos nacionalistas estão de acordo em questões como o euroceticismo e a hostilidade ao Islão politico ou ao multiculturalismo, mas divergem noutros aspetos, como a economia, em que por exemplo a AfD defende a economia de mercado e a RN o protecionismo, ou a política externa, em que os elogios de Salvini e Le Pen ao presidente russo, Vladimir Putin, desagradam aos nacionalistas polacos e finlandeses.

Além de Le Pen, estiveram ausentes do encontro de hoje o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, cujo partido, Fidesz, se mantém no PPE, apesar de suspenso, ou o espanhol Vox, que segundo a imprensa italiana foi convidado a participar.

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