Hibatullah Akhundzada afirmou os afegãos fizeram sacrifícios durante quase 50 anos para que a Sharia os salvasse da “corrupção, opressão, usurpação, drogas, roubo, furto e pilhagem”.
As mulheres afegãs foram impedidas
de comparecer nas comemorações que marcam o quarto aniversário do regresso dos
talibãs ao poder no Afeganistão, esta sexta-feira.
Talibãs reunidos em Cabul no aniversário da tomada da cidadeAP Photo/Siddiqullah Alizai
Cerca de dez mil homens
reuniram-se em Cabul, capital do país, para assistir aos helicópteros do
Ministério da Defesa a espalharem flores para a multidão. A celebração foi feita
em seis pontos diferentes da cidade e em três deles as mulheres já estavam
proibidas de entrar desde novembro de 2022, altura em que o governo talibã proibiu
as mulheres de acederem a parques e áreas de lazer.
Os talibãs estão no poder desde
15 de agosto de 2021, altura em que os Estados Unidos e a NATO retiraram as
suas forças do Afeganistão duas décadas depois.
Desde então o líder Hibatullah Akhundzada
aprovou várias leis foram alteradas para limitar as liberdades individuais,
especialmente as das mulheres e meninas. Desta vez decretou que as celebrações,
que incluiu discursos de membros importantes do executivo, eram exclusivas para
os homens.
Inicialmente estava também
programado um evento desportivo com atletas afegãos, mas não se chegou a
realizar.
Nos últimos quatro anos vários
grupos de defesa dos direitos humanos e a ONU têm condenado os talibãs pelo tratamento
dado às mulheres, que continuam impedidas de ter acesso à educação depois do
sexto ano, não podem exercer muitos empregos nem ser vistas na maioria dos
espaços públicos.
Membros do Movimento das Mulheres
Afegãs Unidas pela Liberdade realizaram um protesto interno na província de
Takhar. Num comunicado enviado à Associeted Press o movimento recordou que “este
dia [15 de agosto de 2021] marcou o início de uma dominação negra que excluiu
as mulheres do trabalho, da educação e da vida social”. “Nós, mulheres que protestam,
recordamos este dia não como uma lembrança, mas como uma ferida aberta da
história, uma ferida que ainda não cicatrizou. A queda do Afeganistão não foi a
queda da nossa vontade. Permanecemos de pé, mesmo na escuridão”.
Também esta sexta-feira Hibatullah
Akhundzada afirmou que Deus vai punir severamente os afegãos que sejam ingratos
ao governo islâmico. A comunicação foi feita por um comunicado, uma vez que o líder
dos talibãs é raramente visto em público, refere também que os afegãos
suportaram dificuldades e fizeram sacrifícios durante quase 50 anos para que a lei
islâmica pudesse ser estabelecida.
Agora, a Sharia salvou as pessoas
da “corrupção, opressão, usurpação, drogas, roubo, furto e pilhagem”. “Estas
são as grandes bênçãos divinas que o nosso povo não deve esquecer e, durante a
comemoração do Dia da Vitória, expressar grande gratidão a Allah todo poderoso
para que as bênçãos aumentem”, referiu o líder afegão.
Mulheres afegãs impedidas de irem às comemorações do aniversário da tomada de Cabul pelos talibãs
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
"O afundamento deles não começou no Canal; começou quando deixaram as suas casas. Talvez até tenha começado no dia em que se lhes meteu na cabeça a ideia de que tudo seria melhor noutro lugar, quando começaram a querer supermercados e abonos de família".