"Eu vou lá na barba deles para eles saberem que eu não tenho medo, que eu não vou correr, e que eu vou provar a minha inocência", disse Lula. "Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas nunca vão conseguir impedir a chegada da Primavera", prosseguiu.
Neste discurso, o ex-Presidente do Brasil não deu detalhes sobre quando e como irá entregar-se à polícia e, no final, voltou a entrar no edifício do sindicato, transportado em ombros pela multidão que o aplaudia.
Lula da Silva está em São Bernardo do Campo, no edifício do Sindicato dos Metalúrgicos, desde quinta-feira, após ter sido decretada a sua prisão, pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela operação Lava Jato.
O ex-Presidente brasileiro foi condenado em duas instâncias da Justiça num processo da Operação Lava Jato em que foi acusado de receber um apartamento de luxo da construtora OAS em troca de favorecer os contratos da empresa com a estatal brasileira Petrobras.
Lula da Silva falou após uma missa celebrada em homenagem à sua falecida esposa, Marisa Letícia Lula da Silva, nas imediações do edifício do Sindicato dos Metalúrgicos, onde iniciou a sua vida política.
O ex-Presidente brasileiro não falava publicamente desde quinta-feira à noite, quando o juiz federal Sérgio Moro decretou a sua detenção.
"Não pensem que eu sou contra a Lava Jato, não... a Lava Jato, se pegar bandido, tem que pegar bandido mesmo que roubou, e prender. Todos nós queremos isso", disse Lula da Silva, que desafiou Sérgio Moro a apresentar "alguma prova" dos crimes pelos quais condenou o ex-Presidente do Brasil.
"Eu não estou acima da justiça, se eu não acreditasse da justiça, eu não teria feito um partido político, teria proposto revolução, acredito na justiça, mas na Justiça justa, baseada nas acusações, na prova concreta", disse, acrescentando que "quem quiser votar com base na opinião pública largue a toga e vá ser candidato a deputado; escolha um partido político e vá ser candidato".
Luiz Inácio Lula da Silva, 72 anos, foi o 35.º Presidente do Brasil (2003-2011).