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Jovens e cépticos mobilizam-se para "fazer a diferença"

08 de junho de 2017 às 18:47
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Os jovens eleitores britânicos, tradicionalmente cépticos, mobilizaram-se para escolherem quem vai liderar o país nos próximos anos

Com a ideia de que um voto "pode fazer a diferença", eleitores britânicos tradicionalmente cépticos mobilizaram-se para preencher o boletim para as eleições legislativas que decorrem hoje no Reino unido.

Mesmo tendo ganho o direito de votar há 17 anos, esta é a primeira vez que Fev vota, confessou à Lusa este britânico de 35 anos.

"Não acredito no sistema eleitoral, mas as pessoas desafiaram-me a fazer a diferença, por isso vou tentar algo diferente", explicou.

O candidato do círculo eleitoral de Islington North, em Londres, Jeremy Corbyn, do partido Trabalhista, foi a inspiração deste eleitor, que normalmente desconfia dos políticos.

Para Jack Latham, hoje foi a segunda vez que votou nos seus 28 anos.

"Sinto que já não é uma perda de tempo. Sinto que desta vez há realmente uma escolha", explicou, manifestando também apoio ao partido Trabalhista, cujo candidato e líder representa a área há 34 anos.

Numa cadeira de rodas a caminho da mesa de voto no Aubert Court Community Centre, Bianca explicou à Lusa que "sentiu necessidade de votar" porque não o fez no referendo de Junho de 2016 que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia.

"Desta vez, nem duas pernas partidas me vão impedir", gracejou, empurrada pela mãe, ambas apoiantes do 'Labour'.

Em cerca de 20 pessoas abordadas, a quase totalidade manifestou apoio ao partido Trabalhista, com excepção do casal Isabel e Ishan, que levaram a filha pequena pela mão até à mesa de voto.

"Sempre votámos, mas o Brexit fez-nos mudar. Vamos votar Liberais Democratas", justificou Isabel, alegando que é o único partido que oferece uma oportunidade de reverter o referendo do ano passado.

Desde o anúncio de eleições antecipadas, a 18 de Abril, mais de 450 mil pessoas com idades entre os 18 e os 34 anos pediram um cartão eleitoral - embora nem todos tenham conseguido, ou por já estarem recenseados ou por inelegibilidade.

Ao todo, quase três milhões pediram a inscrição nos cadernos eleitorais, mas só cerca de um milhão foram aceites como novos eleitores.

A dimensão da participação eleitoral, que nas eleições legislativas de 2015 foi de 66,1%, e a mobilização dos jovens eleitores poderão ter um impacto nestas eleições, cujo resultado está em aberto: há sondagens que apontam para um parlamento sem maioria absoluta e outras que dão vantagem clara ao partido Conservador.

As cerca de 40 mil mesas de voto distribuídas pelo país abriram às 07:00 horas e encerram às 22:00 horas, devendo os resultados dos 650 círculos eleitorais ser anunciados ao longo da noite e madrugada de sexta-feira.

Todos os principais líderes políticos já votaram, incluindo a primeira-ministra Theresa May que, acompanhada pelo marido, Philip, depositou o seu boletim num centro de escuteiros em Sonning, Maidenhead, a oeste de Londres.

Jeremy Corbyn, por sua vez, votou na numa escola primária no norte de Londres, tendo afirmado à saída: "Este é o dia da nossa democracia".