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Índios dizem que filha adotiva de ministra brasileira foi levada da aldeia

31 de janeiro de 2019 às 17:50
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O caso foi relatado por uma revista brasileira, que visitou a aldeia localizada na reserva do Xingu. Gabinete da ministra Damares Alves já negou as acusações e que se trate de uma adoção.

Índios da tribo Kamayurá afirmaram que a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do Brasil, Damares Alves, levou irregularmente a atual filha adotiva, Kajutiti Lulu Kamayurá, daquela aldeia, quando tinha seis anos de idade.

O caso foi relatado esta quinta-feira pela revista brasileira Época, que visitou a aldeia localizada na reserva do Xingu, no norte do estado do Mato Grosso, mas o gabinete da ministra Damares Alves já negou as acusações e que se trate de uma adoção.

Os indígenas da tribo Kamayurá contam à revista Época que a mãe biológica da filha adotada pela agora ministra não poderia cuidar da criança e que o tio da menina a deixou aos cuidados de uma avó.

Segundo a reportagem, Kajutiti Lulu Kamayurá, conhecida apenas como Lulu, hoje com 20 anos, terá deixado a aldeia levada por Márcia Suzuki, sob o pretexto de fazer um tratamento dentário, mas nunca mais voltou a morar na tribo.

Márcia Suzuki e Damares Alves são fundadoras a organização não-governamental (ONG) Atini, que tem como objetivo ajudar crianças indígenas supostamente vítimas de infanticídio.

"Chorei, e Lulu estava chorando também. Márcia levou na marra. Disse que ia mandar de volta, que quando entrasse de férias ia mandar aqui. Cadê?", disse à reportagem a avó de Lulu.

Não é a primeira polémica envolvendo Damares Alves, que atualmente lidera o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, pasta responsável pela Fundação Nacional do Índio (Funai), órgão governamental que cuida dos povos originários Brasil.

A ONG Atini é alvo de pelo menos duas ações do Ministério Público Federal (MPF) brasileiro, acusada de tráfico e sequestro de crianças e incitação ao ódio contra indígenas.

Num destes casos, a ONG é investigada por ter retirado uma adolescente do povo Sateré-Mawé, sob a alegação de motivos humanitários, entregando depois um filho da adolescente indígena para adoção na cidade de Volta Redonda, no Rio de Janeiro.

Aquela organização também foi acusada da prática de incitação ao ódio por ter realizado e divulgado um documentário a respeito do infanticídio indígena, em que são mostradas práticas cruéis contra crianças de um povo que não existe.

O MPF do Distrito Federal obrigou a Atini a retirar o documentário.

Em resposta à reportagem da revista Época, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do Brasil divulgou uma nota pública na qual diz que "a ministra Damares Alves não estava presente no processo de saída de Lulu da aldeia. As duas se conheceram em Brasília".

"Lulu não foi arrancada dos braços dos familiares. Ela saiu com total anuência de todos e acompanhada de tios, primos e irmãos para tratamento ortodôntico, de processo de desnutrição e desidratação. Também veio a Brasília estudar", acrescentou.

O Governo brasileiro também explicou que "Damares [Alves] é uma cuidadora de Lulu e a considera uma filha. Como não se trata de um processo de adoção, e sim um vínculo socio-afetivo, os requisitos citados pela reportagem não se aplicam. Ela nunca deixou de conviver com os parentes, que ainda moram em Brasília".

"Lulu não é pessoa pública. É maior de idade. Não foi sequestrada. Saiu da aldeia com familiares, foi e é cuidada por Damares com anuência destes. Nenhum suposto interesse público no caso deveria ser motivo para a violação do direito a uma vida privada, sem tamanha exposição", conclui o órgão do Governo brasileiro.

A Lusa tentou ouvir o posicionamento da Atini sobre os processo em que é citada, mas não conseguiu estabelecer contacto.

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