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Independentistas procuram bloquear a economia catalã

14 de outubro de 2019 às 23:35
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Milhares de pessoas juntaram-se em diferentes pontos para protestar contra a decisão do Supremo de condenar líderes independentistas a penas entre 9 e os 13 anos. O aeroporto foi palco de uma batalha campal, com a polícia a recorrer a balas de borracha.

"Hoje , enfrentamos um dos dias mais difíceis dos últimos anos. É a pior versão da judicialização: a crueldade". A reação da presidente da Câmara de Barcelona, Ada Colau, às condenações de ex-membros da administração autónoma por crimes de sedição e má gestão de fundos públicos, na sequência do referendo à independência da região, reflete a posição de milhares de catalães que decidiram sair às ruas logo após ser conhecida a decisão da justiça espanhola. O objetivo dos protestos é bloquear a economia catalã e, como tal, estradas e o aeroporto tornaram-se pontos fundamentais dos protestos.

Segundo a imprensa espanhola, foram vários os milhares de defensores da independência catalã que cortaram algumas avenidas e se concentraram em diversas zonas da cidade. Outros sete a oito mil decidiram marchar para o Aeroporto Internacional El Prat, onde houve intervenção policial para dispersar os manifestantes, tendo os polícias disparado balas de borracha. Segundo a polícia regional catalã, a ação de contenção permitiu "ganhar espaço de segurança" em zonas críticas do aeroporto, palco de uma batalha campal. Grande parte das 76 pessoas assistidas durante o dia de hoje estavam no aeroporto, segundo o serviço de emergência médica. A polícia catalão prendeu uma pessoa em El Prat e outra em Mataró, estando ambos acusados de atentado contra a autoridade.

À medida que a contestação à decisão judicial ganha maior dimensão, as autoridades policiais catalãs [Mossos d'Esquadra] começaram a pedir ajuda a diversas unidades de polícia nacional, como a polícia de choque e a unidade de intervenção policial, para proteger infraestruturas vitais, como o principal aeroporto de Barcelona. Os protestos de grupos independentistas, que conseguiram fazer colapsar os acessos ao aeroporto, já levaram ao cancelamento de 110 dos 1.066 voos previstos para hoje. Para amanhã, já foram suspensos pelos menos 20.

O grupo Tsunami Democràtic, que convocou estes protestos em El Prat, anunciou igualmente uma mobilização em massa para o aeroporto de Barajas, garantindo que iam a caminho cerca de 1200 carros. A marcha lenta dos protestantes congestionou os acessos ao aeroporto de Barajas. Ainda assim, sem o efeito de caos conseguido em Barcelona.

Após serem conhecidas as sentenças, os grupos independentistas - muitos deles constituídos por estudantes universitários - cortaram as artérias Ronda del Dat, Diagonal e Via Laietena, em Barcelona. Nesta última zona, houve também uma carga policial, depois dos manifestantes terem atirados objetvos vários, como latas, contra os agentes.

La lluita noviolenta sempre serà més poderosa que la violència institucional. Cap frustració i amb tota la tendresa i determinació, a l'aeroport i arreu, endavant amb #LaForçaDeLaGent pic.twitter.com/FV3ij8Vq5h

A circulação ferroviária foi cortada cerca das 10h30 (09h30 em Lisboa) nas linhas R11 e RG1 por cerca de uma centena de pessoas que acedeu às linhas na estação de Celrà, em Girona. De acordo com o El País, foram suspensos 50 comboios. 

Em Tarragona, houve uma manifestação em frente à Câmara com pedidos de "liberdade" para aquilo que consideram ser "prisioneiros políticos". Em Girona, o mesmo pedido num protesto igualmente realizado frente à sede da Generalitat.

Também através das redes sociais, os Comités de Defesa da República (CDR) apelaram à desobediência afirmando que "é altura para a revolta popular". "A vossa sentença é a vossa condenação. É a hora de nos levantarmos contra o fascismo autoritário do Estado espanhol e os seus cúmplices", proclamou o CDR através da rede social Twitter.

O Tribunal Supremo condenou, esta segunda-feira, os principais dirigentes políticos envolvidos na tentativa de independência da Catalunha a penas que vão até 13 anos de prisão.

O ex-vice-presidente da Generalitat, Oriol Junqueras, foi condenado, por unanimidade, a 13 anos de cadeia por delito de sedição e má gestão de fundos públicos.

Foram condenados a 12 anos de cadeia os ex-conselheiros da Jordi Turull (ex-conselheiro da Presidência), Raul Romeva (ex-conselheiro do Trabalho) e Dolors Bassa (ex-conselheira para as Relações Exteriores) por delitos de sedição e má gestão.

O antigo titular do cargo de conselheiro do Interior, Joaquim Forn e Josep Rull (Território) foram condenados a 10 anos de cadeia.

Jordi Cuixart, responsável pela instituição Òmnium Cultural, foi condenado a nove anos de prisão por sedição.

Os factos reportam-se a 2017 sendo que os magistrados entendem que os acontecimentos de setembro e outubro do mesmo ano constituíram crime de sedição visto que os condenados mobilizaram os cidadãos num "levantamento público e tumultuoso" para impedir a aplicação direta das leis e obstruir o comprimento das decisões judiciais.

"Os acontecimentos do dia 1 de outubro" (2017)" não foram apenas uma manifestação ou um protesto. Foi um levantamento tumultuoso provocado pelos acusados", referem os juízes do Supremo espanhol.

(Notícia atualizada às 23h35 com dados da intervenção policial)

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