Oficialmente criada em 2007, em Viena, à margem de uma conferência internacional sobre o Tratado sobra a Não Proliferação de Armas Nucleares, a ICAN tem conseguido reunir na sua causa activistas de todo o mundo, mas também celebridades
A Campanha Internacional para a Eliminação das Armas Nucleares (ICAN, na sigla inglesa), distinguida esta sexta-feira com o prémio Nobel da Paz, tem mantido um combate incessante pelo fim desse tipo do armamento.
Oficialmente criada em 2007, em Viena, à margem de uma conferência internacional sobre o Tratado sobra a Não Proliferação de Armas Nucleares, a ICAN tem conseguido reunir na sua causa activistas de todo o mundo, mas também celebridades.
Entre elas figuram o Dalai Lama, o arcebispo anglicano sul-africano Desmond Tutu, que já foi prémio Nobel da Paz, ou o músico de jazz Herbie Hancock, que colaboram incessantemente com a ICAN, cuja sede se situa nos edifícios do Conselho Ecuménico das Igrejas, em Genebra, próximo das Nações Unidas.
A ICAN é uma coligação internacional que reúne centenas de organizações humanitárias, ambientais, direitos humanos, pacifistas e de apoio ao desenvolvimento de cerca de 100 países e está activamente em campo há dez anos com a bandeira da eliminação das armas nucleares, alertando para as "consequências humanitárias catastróficas" que o seu uso provocará.
O combate activo da organização já lhe permitiu obter, em Julho deste ano, uma importante vitória nas Nações Unidas, quando quase meia centena de países lançou uma petição para a assinatura de um tratado que leve à eliminação das armas nucleares.
Apesar de ter sido considerada uma vitória simbólica, dado o boicote ao texto de nove potências nucleares (Estados Unidos, Rússia, França, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte - possuem um total de cerca de 15 mil armas nucleares), a petição entrará imediatamente em vigor logo que seja ratificada por 50 Estados.
"Ainda não terminámos. O trabalho não estará terminado enquanto houver armas nucleares", disse Beatrice Fihn, que dirige a ICAN.
Por outro lado, a crescente tensão entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte em torno do programa nuclear norte-coreano é, aos olhos da ICAN, um "sinal de alarme", com Beatrice Fihn a reiterar que as armas nucleares "ameaçam literalmente o fim do mundo".
Isso mesmo foi tido em consideração na argumentação do Comité Nobel norueguês para atribuir o prémio à ICAN, considerando-a um "actor líder da sociedade civil" do movimento contra as armas nucleares e que tem galvanizado esforços para "estigmatizar, proibir e eliminar" este tipo de armamento.
O Comité sublinhou como "argumento importante" para a proibição de armas, o "inaceitável sofrimento humano" que provocará o uso de armas nucleares, recordando que outros tipos de armamento menos destrutivo, como as minas antipessoal, as bombas de fragmentação e as armas químicas e biológicas, foram proibidas justamente através de tratados.
Ainda na justificação, o Comité destacou o facto de, a 07 de Julho último, 122 países terem assinado um tratado internacional contra a proliferação nuclear, mas lamentou que nem os países que contam com arsenais nucleares nem os seus aliados o tenham ratificado, embora Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França e China (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU) tenham dado um primeiro passo nesse sentido.
"Este prémio (no valor de nove milhões de coroas suecas - cerca de 950 mil euros) é um ponto de partida e também um apelo a estes países para que iniciem negociações sérias para a eliminação de todas as 15.000 armas nucleares que existem em todo o mundo", afirmou o Comité Nobel.
No seu sítio na Internet, a ICAN é clara: "uma só bomba nuclear que expluda numa grande cidade poderá matar milhões de pessoas. A utilização de dezenas ou centenas dessas bombas mudará radicalmente o clima mundial, provocando uma fome generalizada".
Por outro lado, prossegue a ICAN, o financiamento aos programas consagrados às armas nucleares poderá ser transferido para fundos públicos de apoio à segurança social, educação, ajuda a sinistrados e outros serviços essenciais.
Os nove países que possuem armamento nuclear gastam mais de 105.000 milhões de dólares (89.500 milhões de euros) por ano para assegurar a manutenção e modernização dos seus arsenais nucleares, indica a ICAN.
A ICAN, cujo orçamento anual ronda o milhão de dólares (852 mil euros) é financiada por doadores privados e por contribuições da União Europeia (UE) e de vários outros países, como a Noruega, Suíça, Alemanha e Vaticano.
ICAN, os fervorosos partidários da eliminação das armas nucleares
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