Morreram 151 pessoas no complexo residencial Wang Fuk Court.
O Governo de Hong Kong anunciou esta terça-feira uma investigação independente para apurar as causas do incêndio que matou pelo menos 151 pessoas, além de indicar que as eleições legislativas "serão realizadas como previsto” no domingo.
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Dezenas de mortos e centenas de pessoas ainda desaparecidas em Hong Kong após incêndio em complexo residencial
O chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee Ka-chiu, anunciou a criação de uma comissão independente, presidida por um juiz para investigar “até o fim” o incêndio que deflagrou, na quarta-feira, no complexo residencial Wang Fuk Court, no norte da região semiautónoma, enquanto continuam as buscas por quase 40 desaparecidos.
Esta comissão vai determinar, de acordo com o dirigente, as causas do incidente e propor alterações estruturais.
“Os culpados serão responsabilizados independentemente da sua posição”, assegurou.
O incêndio levou já à detenção de mais de uma dezena de pessoas por alegado homicídio por negligência, numa investigação que aponta para irregularidades nas obras de manutenção, que estavam em curso no complexo de habitação pública.
Os exames periciais efetuados a 20 amostras de rede utilizada no exterior, recolhida a diferentes alturas, detetaram que sete delas não cumpriam as normas de resistência ao fogo.
O material aprovado só foi instalado nos pisos térreos para evitar controlos após a passagem do supertufão Ragasa, em julho.
Paralelamente, pelo menos três pessoas foram detidas desde sábado por alegadas infrações contra a segurança nacional: um estudante universitário de 22 anos que lançou uma petição com mais de 10 mil assinaturas a apelar para uma investigação independente, o antigo conselheiro distrital Kenneth Cheung e um voluntário, todos acusados de “explorar a tragédia para incitar ao ódio e criar instabilidade”.
O gabinete de proteção da segurança nacional advertiu que este tipo de comportamento “será punido sem piedade”.
Antes da reunião semanal do Conselho Executivo, John Lee afirmou ainda que os futuros deputados do Conselho Legislativo (LegCo, o parlamento local) vão ser “parceiros fundamentais” na supervisão da afetação de fundos públicos e na revisão das políticas para evitar novas catástrofes em Hong Kong, cidade vizinha de Macau.
Manter a data das eleições legislativas, que o Governo ponderou adiar, "é respeitar a ordem constitucional e o Estado de direito”, insistiu o governante, antes de avisar que “qualquer tentativa de sabotagem ou de exploração política da tragédia será vigorosamente perseguida”.
"Precisamos de construir uma Hong Kong melhor. A justiça será feita. É uma tragédia, sim, precisamos de uma reforma, identificámos as falhas, temos de agir com firmeza para pedir contas aos responsáveis, vamos reformar todo o sistema de reabilitação de edifícios, vamos fazer tudo o que for possível", afirmou.
O dirigente apontou ainda que "os incêndios acontecem em todas as cidades e que Hong Kong tudo fará para os evitar".
Dos 90 lugares no LegCo, apenas 20 são eleitos por sufrágio universal direto em círculos geográficos (51 candidatos), 30 são eleitos por distintos setores de atividade (60 candidatos) e os restantes 40 designados por um colégio eleitoral (50 candidatos), um órgão cujos 1.500 membros são, na maioria, simpatizantes de Pequim.
Após o recorde de baixa participação de 30,2% nas eleições de 2021 - as primeiras após a reforma eleitoral imposta por Pequim - as autoridades lançaram uma campanha para aumentar a participação dos eleitores, embora todos os eventos públicos tenham sido suspensos a partir de quinta-feira passada devido ao incêndio.
Hong Kong anuncia investigação independente a incêndio e mantém eleições no domingo
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A propósito das tolices que se disseram em torno da visita de Ronaldo a Trump, lembrei-me de uma de muitas letras geniais de Chico Buarque: “Geni e o Zepelim”.
A literacia mediática e digital da maior parte da população não lhe permite saber que os seus dados são usados e para quê, menos ainda que as fotos que inocentemente publica são transformadas em lições para melhorar a inteligência artificial.