Sábado – Pense por si

Enfermeira Lucy Letby poderá ter sido alvo de um erro judiciário, diz legista

Médicos do hospital de Countess of Chester terão realizado um procedimento médico num dos bebés, mas o mesmo não foi mencionado no sumário das circunstâncias que podem ter causado a morte do mesmo.

Uma médica legista sénior que analisou o caso de Lucy Letby -condenada por ter assassinado sete bebésno hospital de Countess of Chester e por ter tentado assassinar outros sete - acredita agora que a enfermeira pode ter sido alvo de um erro judiciário. Segundo o jornal The Guardian, esta informação pode ser fundamental para os detetives decidirem se devem ou não abrir uma investigação em torno da antiga enfermeira.

Cheshire Constabulary/Handout via REUTERS

Segundo o The Guardian, os médicos do hospital de Countess of Chester terão realizado um procedimento médico num dos bebés, mas o mesmo não foi mencionado no sumário das circunstâncias que podem ter causado a sua morte.

"Não percebo porque é que os médicos não incluiram este detalhe", disse Stephanie Davies. "Acredito que poderia ter feito a diferença no [relatório] post-mortemPodia muito bem ter sido realizado um inquérito, podia ter havido uma conclusão de que o bebé morreu devido a um procedimento médico, e podia nunca ter havido uma investigação policial."

Davies disse ter ficado surpreendida com o relatório apresentado em dezembro, durante conferência de imprensa, que indicava que um médico terá inserido por engano uma agulha no fígado de um dos bebés, para tentar aliviar o inchaço no abdómen.

Este procedimento médico foi tido em conta durante o julgamento e neste, o médico que inseriu a agulha, Stephen Brearey, afirmou que esta "não estava nem perto" do fígado. No entanto, o procedimento nunca foi incluído no relatório post-mortem. Agora, o mesmo relatório aponta que ter-se-á registado um sangramento numa rotura ao redor do fígado e apontou que o bebé terá morrido de "prematuridade".

Depois de em entrevista ao The Guardian e ao Channel 4 News a legista se ter mostrado alarmada com o facto de os médicos não terem relatado este procedimento, Davies decidiu escrever no mês passado a um legista sénior de Cheshire: "Estou extremamente preocupada que as condenações da senhora Letby sejam totalmente incertas."

Recorde-se que Letby foi condenada pelo assassinato de sete bebés e pela tentativa de assassinato de outros sete, tendo sido sentenciada à prisão perpétua. Na altura, a mulher ainda tentou recorrer da decisão, mas os dois pedidos efetuados foram recusados pelo tribunal de recurso. Sem outra alternativa, o advogado de Letby, Mark McDonald, decidiu recorrer à Comissão de Revisão de Casos Penais (CCRC) ao argumentar que as convicções dos procuradores não estavam totalmente seguras e que deviam ser remetidas para um tribunal superior.

A mesma opinião foi partilhada por um painel de especialistas internacionais, liderado pelo prestigiado neonatologista Shoo Lee e orientado por McDonald, que argumentou que Letby havia sido injustamente condenada. Disseram que em causa não estão assassinatos, e sugeriram que os bebés morreram de causas naturais e de maus tratos por parte do hospital.

Artigos Relacionados

Sinais do tempo na Justiça

A maioria dos magistrados não dispõe de apoio psicológico adequado, o que resulta em inúmeros casos de burnout. Se esta estratégia persistir, a magistratura especializada comprometerá a qualidade do trabalho, sobretudo na área da violência doméstica.

Hipocrisia

Agora, com os restos de Idan Shtivi, declarado oficialmente morto, o gabinete do ministro Paulo Rangel solidariza-se com o sofrimento do seu pai e da sua mãe, irmãos e tias, e tios. Família. Antes, enquanto nas mãos sangrentas, nem sequer um pio governamental Idan Shtivi mereceu.

Urbanista

Insustentável silêncio

Na Europa, a cobertura mediática tende a diluir a emergência climática em notícias episódicas: uma onda de calor aqui, uma cheia ali, registando factos imediatos, sem aprofundar as causas, ou apresentar soluções.