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Ebru Timtik morreu após 238 dias em greve de fome. Queria um julgamento justo

28 de agosto de 2020 às 11:24
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Advogada turca foi condenada a 13 anos e seis meses de prisão por "ser membro de uma organização terrorista" num julgamento polémico. Defesa criticou a falta de acesso às provas e o tribunal aceitou testemunhas anónimas.

A advogada Ebru Timtik morreu após 238 dias em greve de fome, que iniciou para pedir um "julgamento justo" após ser condenada a treze anos de prisão por pertencer a uma organização terrorista, segundo a Associação de Advogados Progressistas.

"Acabamos de perder a nossa amiga advogada Ebru Timtik, que morreu após 238 dias em jejum para pedir um julgamento justo", anunciou na noite de quinta-feira a Associação, da qual a advogada era membro, numa publicação na rede social Twitter.

A advogada turca foi condenada em março de 2019 a 13 anos e seis meses de prisão por "ser membro de uma organização terrorista" num julgamento polémico e no qual a defesa criticou a falta de acesso às provas e o tribunal aceitou testemunhas anónimas.

A mulher foi condenada juntamente com outros 17 advogados da Associação, contabilizando um total de 159 anos de prisão por ligações com o grupo armado ultra-marxista Partido Frente Revolucionária de Libertação do Povo (DHKP-C).

Ebru Timtik iniciou uma greve de fome em 02 de janeiro, seguida um mês depois por outro advogado condenado, Aytaç Ünsal.

Ambos foram hospitalizados no final de julho depois de um tribunal se ter recusado a libertá-los, apesar de um relatório do Instituto de Medicina Forense de Istambul ter detalhado a sua deterioração física.

Milhares de pessoas enviaram hoje mensagens de condolências pela morte da advogada e criticaram a situação do sistema judicial na Turquia.

"A ‘vontade política’ interveio e emitiu um mandado para a sua prisão. O pico da injustiça já foi atingido. Não se esqueça que isso pode acontecer consigo amanhã. Não se cale, levante a voz!", disse a vice-presidente da associação de direitos humanos IHD, Eren Keskin, numa publicação no Twitter.

"Há meses que não ouvem os gritos por um julgamento justo. Taparam os ouvidos e viraram-lhes as costas. Mataram a justiça e a consciência", disse Erinç Saçkan, presidente da Ordem dos Advogados de Ancara.

Ebru Timtik é a quarta prisioneira turca a morrer este ano em greve de fome, após a morte de dois músicos da banda Grup Yorum, que exigiam a libertação de sete membros do grupo; e a morte de Mustafa Koçak, que pedia um "julgamento justo".

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