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Das vítimas às causas: o que se sabe e o que falta saber sobre o avião que caiu no Brasil

Leonor Riso
Leonor Riso 10 de agosto de 2024 às 16:28
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Acidente matou 62 pessoas, incluindo uma portuguesa. Muitas publicaram nas redes sociais antes da viagem. Gelo poderá ter levado ao desastre.

Liz Ibba tinha 4 anos e viajava até São Paulo, Brasil, ao lado do pai Rafael Fernando dos Santos para passarem juntos o Dia do Pai, celebrado no país a 11 de agosto. Era ela a passageira mais nova do avião que caiu esta sexta-feira, 9, num condomínio fechado em Vinhedo, e que matou 62 pessoas ao todo.

Outra das vítimas mortais era portuguesa: Gracinda Marina Castelo da Silva tinha quase 48 anos (o seu aniversário era dia 27 de agosto) e viajava com o marido, Nélvio. Era professora na Universidade Tecnológica Federal do Paraná e tinha três filhos. Era ainda pré-candidata a vereadora em Toledo, no Paraná.

Várias horas após a queda do avião, surgem cada vez mais informações sobre os passageiros: muitos publicaram sobre a viagem nas redes sociais. Por exemplo, a fisiculturista Daniela Schulz e o marido Hiales Fodra dirigiam-se para os EUA, onde iam celebrar o aniversário dele a 17 de agosto. Ela publicava vários conteúdos nas redes sociais sobre fitness e chegou a publicar stories antes de embarcar no avião. Já Laiana Vasatta era advogada, mas também publicava várias dicas acerca dos direitos dos passageiros de voos. O seu último vídeo era sobre overbooking. Isabella Santana Pozzuoli também publicou um story da sua mala antes do embarque.

As causas do acidente ainda não são claras e só serão conhecidas conclusões finais após a análise do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira.

Entretanto, a imprensa brasileira revela que o avião passou por uma zona de formação de gelo - é inverno no Brasil - o que, a afetar as asas, pode ter causado a perda de sustentação que precipitou a queda. Em caso de passagem por uma área de formação de gelo, os pilotos costumam pedir para alterar a rota, de acordo com o site G1, mas ainda não é claro se esse pedido foi feito ou se foi recusado. As aeronaves têm sistemas antigelo e de degelo (para expulsar o gelo caso se forme) que têm que ser acionados, mas também ainda não se sabe se foram utilizados ou se não funcionaram.

Às 13h20, hora local, o voo decorria de forma normal e o piloto não declarou emergência: mas às 13h21, já não respondeu às chamadas da torre de controlo e, às 13h25, deu-se a queda. Em cerca de um minuto, o bimotor ATR-72, da empresa VoePass, desceu quatro quilómetros e caiu dentro do condomínio residencial Recanto Florido. Nenhum morador ou pessoa no solo ficou ferido. O avião tinha chegada prevista às 13h30 ao aeroporto de Guarulhos. 

As caixas negras já foram encontradas e serão analisadas pelo Cenipa.

De acordo com a imprensa brasileira, cerca de 26 corpos foram já retirados e o trabalho deverá ser concluído ao longo do dia de hoje. Com 62 vítimas mortais, incluindo uma que não estava na primeira lista, este é o 5.º acidente aéreo mais letal no Brasil.

O capitão Maycon Cristo, do Corpo de Bombeiros, contou à CNN Brasil que agora a identificação das vítimas será feita de acordo com a posição em que estavam sentadas e com objetos pessoais, como os telemóveis. A mesma fonte aponta que as pessoas estavam sentadas nos respetivos assentos apesar dos movimentos e da queda do avião.

Cerca de dez pessoas não embarcaram por se terem enganado na companhia aérea. "Me disseram: 'Rapaz, você não entra nesse avião, porque já passou do limite do embarque'. Eu botei até um pressãozinha: 'Moço, me coloca nesse avião, eu tenho que ir', ai ele falou: 'Não tem como, o que eu posso fazer é remarcar sua passagem'", contou uma dessas pessoas ao site G1.

Outro homem, um veterinário, chegou atrasado e perdeu o voo. "A gente agradece a cada coisa que aconteceu. Aquele semáforo que fechou, aquele telefonema que aconteceu um pouco antes e impediu que a gente chegasse mais cedo, aquele compromisso que a gente demorou um pouco mais, até a vaga para estacionar em frente ao aeroporto, que foi um pouco dificultosa para encontrar... Essa somatória de coisas levaram a apenas 2 minutos de atraso. O check-in encerra pelo sistema da Voepass às 10h40 e eu cheguei exatamente 10h42. Morreram 58 passageiros, eu seria o número 59", relatou Oswaldo Fernandes Costa Junior ao G1.

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