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Como Barron ajudou o pai Donald Trump a vencer as eleições

Luana Augusto
Luana Augusto 11 de novembro de 2024 às 16:15
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Tem 18 anos e foi quem aconselhou Donald Trump a entrar no terreno dos podcasts e do streaming. Graças a isso, conseguiu roubar votos do eleitorado jovem a Kamala Harris.

Quando Donald Trump subiu ao palco de West Palm Beach, nos EUA, nas primeiras horas de quarta-feira (6), os opositores na América e no mundo ainda tentava perceber como é que tinha vencido as eleições presidenciais de uma forma tão decisiva. Uma das pistas para essa vitória estava no palco, e é um dos filhos do agora presidente eleito.

REUTERS/Carlos Barria

Barron, com apenas 18 anos, ganhou um grande destaque ao aconselhar o republicano, de 78, a entrar no terreno, para ele desconhecido, dos podcasts e do streaming

Alex Bruesewitz, um consultor republicano de 27 anos, terá sido chamado pela presidente da campanha de Trump, Susie Wiles, a apresentar sugestões para os podcasts - que agradam sobretudo homens mais jovens – dos 18 aos 34 anos -, segundo o The Telegraph. Alex elaborou uma lista de potenciais entrevistas a serem realizadas, contudo, de acordo com a revista Time, a palavra final coube a Barron Trump. 

"Tenho uma lista de podcasts que gostaria de lhe apresentar", disse Alex Bruesewitz, segundo a revista Time. "Já conversou sobre isso com o Barron?", perguntou Trump. "Não senhor", respondeu o conselheiro. "Ligue para o Barron e veja o que ele pensa e avise-me", concluiu o republicano. 

Segundo o jornalista Eric Cortellesa, o consultor terá tido a aprovação do adolescente. Barron informou que admirava particularmente o streamer Adin Ross e que o pai deveria começar por aí. "Depois de se esforçar para contactar o filho mais novo de Trump, que Melania protegeu da luta política, Bruesewitz conseguiu a autorização de Barron", escreveu o jornalista da Time no X.

Entrevista de 90 minutos com milhões de visualizações

Adin Ross já havia conquistado um grande número de seguidores nas redes sociais, pelas suas colaborações com celebridades e pelas transmissões ao vivo a jogar videojogos, como o Grand Theft Auto. Chegou a ser expulso da sua plataforma de streaming preferida -  a Twitch - oito vezes, pela alegada prática de crimes, incluindo a permissão de comentários supostamente homofóbicos e por aceder a sites pornográficos durante uma transmissão em direto.

Apesar de alegações pouco positivas, estes episódios só fizeram com que a sua popularidade aumentasse. Nas redes sociais conta agora com cerca de 7 milhões de seguidores.

"Eles não crescem a assistir televisão da mesma maneira que nós", disse Donald Trump ao jornal Daily Mail em setembro ao referir-se aos jovens eleitores. "Eles cresceram a olhar para a internet ou a ver um computador, certo?" 

Em agosto, Donald Trump foi entrevistado por Adin Ross e durante a conversa o ex-presidente recebeu um chamativo Rolex de ouro e um Tesla Cybertruck. A conversa de 90 minutos, acabou por ser um sucesso. Só no Youtube, foi visto por mais de 2,6 milhões de pessoas.

Adin Live/Youtube

À lista de entrevistadores juntaram-se outras estrelas do podcast: Logan Paul, Joe Rogan, Bussin’ with the Boys, Nelk Boys e outros. Em comum têm o uso de um formato informal. 

Adin Ross, por exemplo, apresentou a Donald Trump uma série de fotografias de celebridade e o republicano tinha o desafio de as descrever com apenas uma palavra. Na foto do próprio descreveu-se como "patriota", na do dono da Tesla chamou Elon Musk de "génio" e na do cantor Kanye West de "complicado". 

Já os Nelk Boys foram convidados a passar um dia com Donald Trump na sua campanha eleitoral. Enquanto seguiam no jato privado do multimilionário, mostraram-lhe filmagens de partidas que pregaram a residentes de um bairro liberal em São Francisco. Uma das brincadeiras consistia em seduzir os vizinhos a retirarem um cartaz de "Trump Vance" do relvado e a encharcá-los em água.

Nelk/Youtube

O político populista britânico, Nigel Farage, não teve dúvidas quanto à importância do papel do filho mais novo de Trump na angariação de votos. Nas suas redes sociais escreveu: "Barron Trump é um jovem de 18 anos muito brilhante que desempenhou um papel importante na vitória impressionante do pai". 

Os números falaram por si. Embora os eleitores mais jovens, entre os 18 e os 29 anos, se tenham inclinado mais para o Partido Democrata, de Kamala Harris, a verdade é que a vice-presidente obteve apenas mais 11 pontos do que Donald Trump. Isto significa uma queda acentuada em relação aos 24 pontos que Joe Biden conseguiu arrecadar, em 2020, e aos 19 de Bill Clinton, na década de 1990. 

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