Despedimento do diretor de um dos poucos jornais independentes no país criou uma onda de protestos.
A Comissão Europeia manifestou hoje preocupação pelos ataques à liberdade e pluralismo dos meios de comunicação social na Hungria, após o despedimento do diretor de um dos poucos jornais independentes no país, que criou uma onda de protestos.
"No que respeita especificamente ao Index.hu, não estamos em posição de comentar casos individuais. No entanto, a Comissão já manifestou as suas preocupações em várias ocasiões e em diferentes fóruns quando se trata da liberdade e pluralismo dos meios de comunicação social na Hungria", informa um porta-voz do executivo comunitário em resposta escrita hoje enviada à agência Lusa.
Questionado pela Lusa sobre a situação no Index.hu -- onde na passada sexta-feira dezenas de jornalistas, incluindo diversos editores, se demitiram devido ao despedimento do seu diretor --, o porta-voz frisou que a Comissão Europeia está a trabalhar num "mecanismo do Estado de direito que irá cobrir questões relacionadas com o pluralismo dos meios de comunicação social", nomeadamente financiando "projetos para mapear riscos e violações e prestar assistência aos jornalistas".
"Estamos também determinados a continuar a apoiar a liberdade e o pluralismo dos meios de comunicação como parte do próximo Plano de Ação para a Democracia Europeia", adiantou a mesma fonte.
Na passada sexta-feira, a maioria da redação (cerca de 90 trabalhadores) do maior e mais lido portal digital de notícias húngaro, Index.hu, anunciaram a sua demissão devido ao afastamento do diretor da publicação, Szabolcs Dull, temendo também que isso afetasse a sua independência profissional no futuro.
Esta situação gerou uma onda de protestos em Budapeste.
A Federação Europeia de Jornalistas veio, em comunicado, aplaudir a "manifestação contra os ataques ao maior portal de notícias independente da Hungria", que juntou "milhares de pessoas nas ruas de Budapeste", apelando ainda "aos líderes europeus para que protejam a liberdade dos meios de comunicação social na Hungria".
O portal digital Index.hu era um dos alvos do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, que o chegou a classificar como "fábrica de 'fake news'", e a recente compra por aliados de Orbán do controlo sobre a publicidade do jornal digital foi considerada um sinal muito negativo para a sua independência.
"O destino do Index é no final decidido no interior do Fidesz [o partido de Orbán, no poder], isto é, a fábrica de poder em torno do primeiro-ministro, e quando a partir de agora os donos [do Index] podem ser encontrados aí", criticou o analista político Gabor Torok.
"Para a fábrica do poder, os 'media' são exclusivamente uma questão política, não acreditam que pode existir jornalismo independente", acrescentou o especialista.
Em junho, o Index.hu alterou a seu "barómetro de independência" de "independente" para "em perigo", após ser confrontado com planos da administração para reorganizar a redação, e que suscitaram uma forte oposição dos trabalhadores.
O Index.hu inclui-se entre um pequeno grupo de 'media' digitais independentes que há muito registam grandes dificuldades financeiras e permanecem submetidos a fortes pressões do Governo nacionalista conservador de Viktor Orban na sua tentativa de controlo quase absoluto dos media húngaros.
Comissão Europeia manifesta preocupação por ataques aos media na Hungria
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