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Quase mil reclusos estão a ajudar no combate aos incêndios de Los Angeles, que duram já há uma semana. Trabalham 24 horas por dia, recebem €26 e a sua missão é abrandar a propagação do fogo.
Cerca de 900 prisioneiros estão a combater os fogos em Los Angeles, Califórnia, que duram já há uma semana, e recebem €26 ao dia, segundo o jornal espanholEl País. Os fogos já mataram 24 pessoas e queimaram mais de 12 mil estruturas.
REUTERS/David Ryder
Trabalham "24 horas por dia", segundo o Departamento de Correções e Reabilitação da Califórnia (CDCR). Cortam linhas de fogo e removem o combustível por detrás das estruturas. No final, a sua missão é única e exclusivamente abrandar a propagação do fogo e ajudar os 8 mil bombeiros que se encontram no terreno.
A participação no combate aos fogos é totalmente voluntária. O recluso começa por se inscrever no programa Conservation (Fire) Camps, sendo submetido a testes físicos e mentais, de acordo com o El País. Depois disso, é integrado numa equipa do Departamento de Florestas e Proteção contra incêndios da Califórnia. Mas a sua integração está dependente de nunca terem tentado escapar do estabelecimento prisional e não podem ter grande visibilidade junto dos meios de comunicação sociais.
Segundo o Los Angeles Times, os reclusos representam hoje cerca de 30% das forças que tentam conter os fogos em Los Angeles. Isto significa que 1 em cada 6 pessoas que ajudam nos incêndios são prisioneiros.
REUTERS/Ringo Chiu
O CDCR considera que este programa tem sido uma fonte de "apoio crucial" durante as emergências. Todos os anos, das 100 mil pessoas que se encontram presas na Califórnia, cerca de mil candidatam-se ao corpo dos bombeiros, avança o El País.
Os prisioneiros ganham, por norma, entre €5 a €10 euros por dia, mas acresce-se aproximadamente €1 euro por horas extra. Além disso, os reclusos recebem também certificados de formação de emergência, que podem ajudar a encontrar emprego após serem libertados.
Apesar disso, há quem critique este tipo de trabalho, cuja implementação começou em 1915. Um relatório da União Americana pelas Liberdades Civis, elaborado pela Faculdade de Direito da Universidade de Chicago em 2022, estimou que, ao longo de cinco anos, quatro prisioneiros morreram nas suas funções enquanto bombeiros e que mais de 1.000 ficaram feridos. O documento expõe, assim, a falta de treino e experiência por parte destes trabalhadores.
Já o Vera Institute of Justice, uma organização sediada em Nova Iorque que luta pelos direitos dos reclusos, lamenta que "os bombeiros profissionais na Califórnia sejam treinados durante três anos, e os prisioneiros apenas três semanas." Afirmam ainda, que quando são libertados "enfrentam grandes barreiras para se profissionalizarem".
REUTERS/Shannon Stapleton
Em outubro de 2021, Matthew Hahn, um homem que passou nove anos na prisão e foi bombeiro no norte da Califórnia, onde lutou contra um dos incêndios mais graves da história do estado, escreveu um artigo na primeira pessoa para o Washington Post. O título era: "Mandar-nos para combater o fogo é abusivo, mas preferimos isso a estar na prisão".
No artigo Matthew garantiu que, durante o tempo em que esteve a cumprir pena, "nunca" conheceu um outro prisioneiro que não quisesse ser bombeiro. Disse que era uma forma de se sentirem úteis e respeitados, de socializarem, de se alimentarem melhor e de levarem uma vida relativamente normal.
"Os campos de bombeiros são compreensivelmente considerados terrenos perigosos", escreveu. "Sim, os bombeiros presos recebem centavos por uma tarefa inestimável. E sim, é difícil, embora não impossível, que os participantes se tornem bombeiros quando saem da prisão. Mas apesar disso, os campos de bombeiros continuam a ser os lugares mais humanos para cumprir pena no sistema prisional da Califórnia."
Os incêndios florestais na Califórnia estão a caminho de estarem entre os que mais prejuízos causaram na história dos EUA, aponta a BBC. Neste momento continuam ativos três incêndios, em Los Angeles. O maior é o de Palisades, que já queimou mais de 23 mil hectares. Segundo a BBC, apenas 13% deste está contido.
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