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Candidatura de miliciano condenado a prisão perpétua aceite nas eleições da RDCongo

29 de agosto de 2018 às 15:15
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Frederic Batumike foi condenado pelo Supremo Tribunal Militar a prisão perpétua pela violação de 40 meninas entre os 18 meses e 12 anos.

A candidatura de um miliciano, condenado a prisão perpétua por violação de meninas, foi considerada admissível às eleições regionais na República Democrática do Congo (RD Congo), provocando fortes críticas locais à Comissão Eleitoral Nacional e Independente (CENI).

"O caso dele [Frederic Batumike] escapou-nos. As correcções estão em curso", assegurou, entretanto, fonte daquela comissão, citada pela agência de notícias France-Presse (AFP).

De acordo com uma lista provisória de 26 de Julho, disponível na página de Internet da CENI, a candidatura de Frederic Batumike, de 64 anos, foi considerada no distrito eleitoral de Kabare, na província de Kivu do Sul, leste da RD Congo.

No mesmo dia, 26 de Julho, o Supremo Tribunal Militar anunciou, em recurso, a sentença de prisão perpétua pela violação de 40 meninas entre os 18 meses a 12 anos na região de Bukavu, entre 2013 e 2016.

Uma organização do cidadão local, a Nova Dinâmica da Sociedade Civil, expressou esta quarta-feira a "sua desagradável surpresa ao encontrar o nome de Frederic Batumike na lista final de candidatos a deputados regionais".

"Manter os criminosos e excluir certos cidadãos com base em considerações e injunções políticas vem para remover a pouca confiança e credibilidade que restam no CENI", menciona o comunicado da organização.

Em declarações à AFP, o presidente da CENI, Corneille Nangaa, afirmou que tinham sido "informados tarde" da condenação e que Batumike "será inválido".

Frederic Batumike tinha sido condenado em primeira instância em Dezembro por um tribunal militar "por crimes contra a humanidade por violação e assassinato", com dez cúmplices.

Batumike foi acusado de pertencer à milícia "Djeshi ya Yesu" (Exército de Jesus).

Os partidos civis e as organizações não-governamentais saudaram uma vitória histórica contra a impunidade por crimes sexuais em zonas de conflito.

Na noite de sexta para sábado, o CENI anunciou a rejeição de seis das 25 candidaturas apresentadas para as eleições de 23 de Dezembro de 2018.

Para além da candidatura de Bemba, também as dos antigos primeiros-ministros Samy Badibanga, Adolphe Muzito, Antoine Gizenga, a da única candidata do sexo feminino, Marie-Josée Ifoku, e a do candidato Jean-Paul Moka ficaram de fora.

A oposição e vários movimentos civis duvidam da independência da CENI, que acusam de obedecer a "injunções" por parte do poder do Presidente, Joseph Kabila, para remover os candidatos.

O porta-voz do Governo, Lambert Mende, respondeu na televisão nacional RTNC, referindo que não deve ser incluído o que "está fora da Constituição" ou das normas legais.

Na segunda-feira, os seis candidatos excluídos das listas provisórias às eleições na RD Congo, incluindo o ex-vice-Presidente Jean-Pierre Bemba, anunciaram que deverão recorrer ao Tribunal Constitucional após a rejeição das candidaturas pela comissão eleitoral.

Segundo a agência France-Press, todos os seis candidatos que tiveram as suas candidaturas rejeitadas pela CENI da RDCongo deverão cumprir com o prazo legal de 48 horas para contestar a decisão, prazo que terminou na segunda-feira.

O Tribunal terá então dois dias para se pronunciar.

As 10 lições de Zaluzhny (I)

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