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Ambientalistas da ANP/WWF alertam para emergência civil no Mediterrâneo

Associação de defesa da natureza salienta que os efeitos das "mudanças climáticas, o caos urbanístico e a ausência de gestão florestal formam um 'cocktail' explosivo".

A Associação Natureza Portugal transmitiu, esta terça-feira, solidariedade para com os gregos, perante os incêndios devastadores que já causaram 60 mortos, alertando que os fogos se tornaram uma emergência civil para o Mediterrâneo e é necessário apostar na prevenção.

A ANP|WWF ressalva que a trágica situação da Grécia confirma que "os incêndios do século XXI se tornaram uma emergência civil para os países do Mediterrâneo" e recorda os grandes fogos de 2017 em Portugal e regiões da Galiza, que provocaram mais de 100 mortos.

Os incêndios na Grécia já fizeram 60 mortos e 172 feridos, 60 dos quais são crianças, mas é possível que o número de vítimas mortais venha a aumentar, já que as autoridades continuam a receber contactos dando conta de desaparecidos.

A maior parte das vítimas foram encontradas entre o porto de Rafina, a cerca de 30 quilómetros de Atenas, e Nea Makri, cerca de dez quilómetros mais a norte.

"Os incêndios no século XXI não ardem, explodem", diz o director de Conservação da ANP|WWF, Rui Barreira, citado num comunicado.

"Embora o verão na Península Ibérica esteja a ser tranquilo, o que está a acontecer na Grécia é uma lembrança terrível da vulnerabilidade extrema do Mediterrâneo - da qual Portugal partilha a paisagem - face aos incêndios florestais", acrescenta.

A associação de defesa da natureza salienta que os efeitos das "mudanças climáticas, o caos urbanístico - que favorece a existência de casas e urbanizações dentro das montanhas - e a ausência de gestão florestal formam um 'cocktail' explosivo e com consequências devastadoras".

Estes incêndios "devoram com a mesma facilidade" florestas, jardins, carros, casas e urbanizações, ultrapassando os meios de extinção disponíveis, acrescenta a ANP/WWF.

Os ambientalistas salientam ainda que o intenso vento e calor fizeram com que os incêndios na Grécia, que, segundo suspeitas das autoridades, foram provocados, fossem impossíveis de controlar através da extinção.

"Como temos assistido na Península Ibérica e da Califórnia à Suécia, a WWF lembra que este tipo de grandes incêndios alimentados pelas alterações climáticas não podem ser combatidos com mais hidroaviões, mas apenas com a prevenção, alterando as atuais paisagens de alto risco", insiste a associação liderada por Ângela Morgado.

Num relatório recentemente publicado com o título "O barril de pólvora do noroeste", a WWF salienta que os países do Mediterrâneo enfrentam uma emergência civil, causada pelos incêndios florestais, e que os governos estão focados em estratégias de controlo e extinção que se estão a provar ineficazes em lidar com estes grandes incêndios, e ainda muito longe de tomar medidas preventivas adequadas para controlar a situação a longo prazo.

Além dos incêndios na Grécia, também a Suécia enfrenta fogos florestais, e temperaturas elevadas, que não são habituais nos países do norte da Europa.

Urbanista

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