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Relatora da ONU acusa empresas globais de "lucrar com o genocídio" 

A Lockheed Martin, Palantir, Volvo, BNP Paribas, Barclays, Pimco e a Norwegian Government Pension Fund Global são acusadas de manter estreita colaboração com Israel. 

A relatora especial da ONU para os direitos humanos nos territórios palestinianos ocupados pediu que sejam decretadas sanção e um embargo às armas a Israel e que grandes empresas multinacionais sejam responsabilizadas por "lucrar com o genocídio" em Gaza. 

Pedro Catarino/SÁBADO

Um relatório entregue por Francesca Albanese ao Conselho de Direitos Humanos da ONU esta quinta-feira aponta para o apoio de empresas de todo o mundo a Israel durante os últimos 21 meses de ofensiva em Gaza. "Enquanto a vida em Gaza está a ser destruída e a Cisjordânia está sob crescente ataque, este relatório mostra por que o genocídio de Israel continua: é lucrativo para muitos", alerta o documento. 

Da economia de ocupação à economia de genocídio analisa o envolvimento corporativo internacional no fornecimento de armas e maquinarias pesadas que estão a ser utilizadas para destruir bairros palestinianos em Gaza e na Cisjordânia e empresas de investimentos que ajudam a financiar a guerra. "Enquanto líderes políticos e governos se esquivam das suas obrigações, muitas entidades corporativas lucraram com a economia israelita de ocupação ilegal, apartheid e, agora, genocídio", refere. 

O relatório afirma que o exército israelita beneficiou do "maior programa de aquisição de defesa da história" para caças F-35, fabricados pela Lockheed Martin com o envolvimento de mais de 1 600 outros fabricantes e oito estados. A empresa de tecnologia norte-americana Palantir é alvo de críticas devido à sua parceria com as Forças de Defesa de Israel para "missões relacionadas à guerra". A Volvo, BNP Paribas, Barclays, Pimco e a Norwegian Government Pension Fund Global são também acusadas de manter estreita colaboração com Israel. 

Francesca Albanese é uma jurista italiana que trabalha como relatora especial para os territórios palestinianos ocupados desde 2022 e desde janeiro de 2024 que tem defendido que que a ofensiva israelita em Gaza se trata de um genocídio.  

O Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) está ainda a avaliar as acusações de genocídio, mas Francesca Albanese tem argumentado que as evidências de genocídio são esmagadoras e reforça que o tribunal emitiu, no ano passado, medidas preliminares por reconhecer a possibilidade de genocídio em Gaza o que deve desencadear a responsabilidade universal de preveni-lo.  

Israel tem ignorado os apelos do CIJ para que sejam tomadas medidas para mitigar o número de civis palestinianos mortos durante a ofensiva e contestou até a própria jurisdição do tribunal.  

De acordo com o Ministério da saúde de Gaza, mais de 56 mil palestinianos foram mortos pelos ataques israelitas desencadeados pelo ataque do Hamas ao sul de Israel, a 7 de outubro, que matou 1 200 israelitas. Apesar de os dados não puderem ser confirmados, e o Ministério da Saúde de Gaza ser liderado pelo Hamas, muitos especialistas têm referido que o número de mortos pode ser muito superior porque muitos palestinianos estão desaparecidos e, possivelmente, enterrados sob os escombros.  

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