Zelensky apresenta proposta de cessar-fogo e reforça vontade de atingir a paz
O presidente ucraniano passou o ónus de um acordo de paz para a Rússia ao pedir um cessar-fogo e a reforçar o seu empenho numa paz duradoura com a Rússia.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou estar disposto para se sentar "à mesa das negociações o mais rapidamente possível", assegurando à adminsitração de Donald Trump que deseja a paz e apresentou uma proposta de paz.
"A nossa reunião em Washington, na Casa Branca na sexta-feira, não correu como era suposto", escreveu o presidente ucraniano no X (antigo Twitter), dias depois do confronto público na reunião na Sala Oval com o presidente dos EUA e o vice-presidente norte-americano, J.D. Vance. Mas o presidente ucraniano continuou afirmando que quer "reiterar o empenho da Ucrânia na concretização da paz", respondendo às insinuações dos republicanos na Casa Branca que dizem que Zelensky deseja uma guerra duradoura. "A minha equipa e eu estamos prontos para trabalhar sob a forte liderança do Presidente Trump para conseguir uma paz duradoura", afirmou ainda.
"As primeiras etapas poderiam ser a libertação de prisioneiros e tréguas no céu — proibição de mísseis, drones de longo alcance, bombas sobre energia e outras infraestruturas civis — e tréguas no mar imediatamente, se a Rússia fizer o mesmo. Depois, queremos avançar rapidamente para as fases seguintes e trabalhar com os EUA para chegar a um acordo final sólido", detalha Zelensky, sobre o seu plano de paz.
Com esta proposta, Zelensky tenta atirar para a Rússia a responsabilidade de chegar à paz, contrariando a narrativa da Casa Branca que diz que o maior empecilho ao processo de paz na Europa é o presidente ucraniano.
Esta declaração do presidente ucraniano surge no dia seguinte a Donald Trump ter suspendido toda a ajuda militar à Ucrânia e o conselheiro da presidência ucraniana Mykhaïlo Podoliak disse estarem "a discutir opções com os parceiros europeus", enquanto a União Europeia (UE) revelava no mesmo dia um plano "para rearmar a Europa" que permitirá fornecer ajuda militar "imediata" à Ucrânia. "O futuro de uma Ucrânia livre e soberana, de uma Europa segura e próspera está em jogo", explicou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, numa carta dirigida aos líderes dos 27.
A França já garantiu que se esforçará por "reunir todos os meios possíveis" com outros países europeus, para compensar o congelamento da ajuda militar norte-americana à Ucrânia. Kiev precisará de munições, "de um certo número de sistemas de inteligência" ou mesmo de acesso "a redes e conectividade", reagiu o primeiro-ministro francês, François Bayrou, falando no Parlamento.
A situação é "muito grave" e "temos de estar à altura da situação", resumiu, por seu turno, o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, com Varsóvia a lamentar que os norte-americanos tenham tomado "sem qualquer informação ou consulta" dos seus aliados uma decisão de "grande importância política".
Em Londres, o chefe do Governo britânico, Keir Starmer, demonstrou o desejo de diálogo com o seu "aliado mais antigo e poderoso, os Estados Unidos", além dos seus "parceiros europeus" e Kiev.
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