Trump fez menos deportações no primeiro mandato do que Biden e Obama
Dados indicam que durante os mandatos dos dois democratas foram executadas mais deportações e expulsões de imigrantes ilegais dos EUA do que no primeiro mandato do republicano, apesar das promessas deste último.
Apesar da retórica de deportações massivas de Donald Trump, que já vem desde a primeira candidatura à presidência dos EUA, o número de deportações desceu durante os seus primeiros quatro anos na Casa Branca, e voltaram a aumentar durante o mandato do democrata Joe Biden.
O número de deportações e expulsões durante a administração de Trump diminuiu face às deportações de ambos os mandatos de Barack Obama, conhecido como "Deporter in Chief" (deportador chefe), entre 2009 e 2017. Durante os primeiros quatro anos, a administração de Obama deportou cerca de 2,9 milhões de pessoas e no segundo mandato 1,9 milhões, num total de cerca de 5 milhões. Entre 2017 e 2020, Trump realizou 1,5 milhões de deportações.
Em comparação com Biden, entre 2021 e fevereiro de 2024 o antigo presidente norte-americano realizou 1,1 milhões de deportações, um ritmo que a manter-se terá alcançado a marca de 1,5 milhões, igualando a primeira administração Trump. Acrescentam-se ainda às deportações de Biden, cerca de 3 milhões de expulsões de imigrantes à entrada da fronteira com o México durante a época da Covid-19, sob o Title 42. No total, o número de deportações e expulsões sob o mandato de Biden chegou a quase 4,4 milhões.
No entanto, as expulsões sob o Title 42, a medida de emergência criada durante a época da pandemia, implementada durante o primeiro mandato de Donald Trump, e utilizado maioritariamente por Biden, podem ser enganadoras. Este tipo de expulsão implica menos sanções do que uma ordem formal de deportação, o que fez com que as pessoas pudessem tentar atravessar de novo a fronteira. O que resultou em menos deportações no interior do país e mais na fronteira a sul, ao contrário de Trump e Obama que se focaram em deportações nos restantes estados.
Uma razão por ter havido mais deportações e expulsões durante o mandato de Biden, deveu-se ao facto dos agentes de imigração não terem conseguido deter a onda de pessoas que tentavam atravessar a fronteira com o México. A maioria dos capturados entrou em liberdade condicional ou foram libertados para se apresentarem mais tarde perante o tribunal de imigração.
Outro fator que levou à diminuição do número de deportações durante o mandato de Trump, foi o facto da polícia local ter deixado de cooperar com as agências de controlo de imigração, uma mudança que se iniciou durante os mandatos de Obama e que se intensificou mais tarde.
As deportações de Obama focaram-se também mais em homens solteiros provenientes do México, enquanto que os imigrantes ilegais hoje em dia chegam aos EUA em grupos ou com a sua família, o que complica o processo de expulsão ou de envio forçado, uma vez que certos países não aceitam repatriações. O México, após um acordo com a administração de Joe Biden, aceitou receber migrantes desses países.
Segundo uma análise feita pelo Migration Policy Institute, mais de 12 milhões de pessoas foram deportadas ou expulsas durante os oito anos de Bill Clinton e cerca de 10 milhões durante os dois mandatos de George W. Bush. Até à administração de Obama, a maioria dos imigrantes detidos na fronteira com o México tinham a opção de voltar voluntariamente ou podiam desistir do seu pedido de visto em vez de serem expulsos formalmente.
Promessa de deportações excede número de imigrantes
De forma a deportar entre 15 a 20 milhões de pessoas, como prometeu, Donald Trump teria de exceder a estimativa de 14 milhões de imigrantes ilegais e com proteção temporária que se encontram atualmente nos Estados Unidos. Para meter o plano em marcha, a nova administração já revogou uma política que limitava a agência de imigração e alfândega de realizar rusgas em escolas, hospitais e igrejas. O Departamento de Justiça ordenou que fossem realizadas investigações a funcionários que tentassem bloquear o controlo da imigração em "cidades santuário", como Boston, Chicago, Denver e Nova Iorque.
Desde 20 de janeiro, o dia da tomada de posse de Donald Trump, o ICE, o departamento que controla a imigração, anunciou que já prendeu 956 indivíduos e apresentou 554 pedidos de detenção no domingo, depois de ter efetuado 538 detenções e 373 pedidos de detenção na quinta-feira. Além disso, já enviou centenas de "criminosos imigrantes ilegais" em voos militares dos EUA, que começaram na sexta-feira para a Guatemala e mais tarde para o Brasil e para a Colômbia.
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