Protestos contra reforma do sistema de pensões deixam França a meio gás
Mais de 250 mil pessoas em 50 cidades pararam esta terça-feira hospitais, escolas e tribunais no dia em que também se cumpriu o 13º dia de greve no setor dos transportes que ameaça durar até ao final do ano.
França parou esta terça-feira em protesto contra a proposta de reforma do sistema de pensões apresentada pelo Governo. Greves convocadas por todos os sindicatos do país fecharam hospitais, escolas e tribunais no dia em que também se cumpriu o 13º dia de greve no setor dos transportes que ameaça durar até ao final do ano, sem pausas nem tréguas para as viagens de Natal e passagem de ano.
Ao todo, juntaram-se à paralisação mais de 250 mil pessoas em 50 cidades, mas os sindicatos dizem esperar que o número aumente até final do dia. Nas manifestações na capital francesa, Paris, a polícia foi obrigada a disparar gás-pimenta a manifestantes, após distúrbios na Place de la Nation.
No entanto, o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, afirmou esta terça-feira ao parlamento que está "totalmente determinado". "A minha determinação e a do Governo é absoluta" relativamente à "criação de um regime universal [de pensões] e a fazer prevalecer o equilíbrio do sistema futuro e a restauração do equilíbrio do sistema atual", garantiu hoje aos deputados.
Édouard Philippe irá receber os sindicatos na quarta e na quinta-feira, sendo que os dirigentes sindicais vão reunir-se ainda esta noite para decidir o que pretendem fazer a seguir para protestar contra o projeto.
A contestação à proposta de reforma do sistema de pensões tem aumentado nas últimas duas semanas, com a pressão sobre o Governo e o Presidente a crescer.
Na segunda-feira, o alto-comissário francês que idealizou a reforma do sistema, Jean-Paul Delevoye, demitiu-se na sequência de acusações de conflito de interesses por ter omitido outras funções que acumulava.
De acordo com a imprensa francesa, Delevoye "esqueceu-se" de incluir na sua declaração de interesses apresentada à Alta Autoridade para a Transparência da Vida Política que é administrador do principal Instituto de Formação na área das seguradoras, setor que elogiou a reforma das pensões por si arquitetada.
A reforma do sistema de pensões tornou-se um projeto-emblema do Presidente francês, Emmanuel Macron, apesar de criticada pelos sindicatos de todos os setores.
A reforma, inicialmente apresentada em julho deste ano, tem como principal intuito criar um sistema universal de pensões, já que existem atualmente 42 sistemas diferentes, vários dos quais representam regimes especiais que permitem, por exemplo, deixar de trabalhar mais cedo.
A manifestação está a ser "um grande sucesso", considerou Philippe Martinez, líder do sindicato CGT, que exige – em conjunto com outros quatro sindicatos - a retirada definitiva do projeto.
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