Secções
Entrar

"Preferia ter morrido". General iraniano assume culpa por queda de avião

11 de janeiro de 2020 às 12:07

O comandante da brigada aeroespacial dos Guardas da Revolução iranianos garantiu que um soldado confundiu o avião com um "míssil de cruzeiro" e teve "10 segundos" para decidir.

O comandante da brigada aeroespacial dos Guardas da Revolução iranianos assumiu hoje a "responsabilidade total" pela queda do Boeing 737 ucraniano, abatido com 176 pessoas a bordo perto de Teerão pelas forças armadas iranianas na quarta-feira.

"Assumo a responsabilidade total" por esta catástrofe, afirmou o general Amirali Hajizadeh, numa declaração transmitida pela televisão, adiantando que "preferia ter morrido do que assistir a tal acidente".

O operador do míssil que abateu o Boeing ucraniano em Teerão abriu fogo sem poder obter a confirmação de uma ordem de tiro devido a uma "interferência" nas telecomunicações, disse o general iraniano.

O soldado confundiu o avião com um "míssil de cruzeiro" e teve "10 segundos" para decidir, declarou o general. As 176 pessoas que seguiam a bordo do avião ucraniano morreram.

As forças armadas iranianas afirmaram que confundiram o avião de passageiros ucraniano com um alvo hostil momentos depois do ataque do Irão com mísseis balísticos contra duas bases militares no Iraque que albergavam tropas norte-americanas.

Irão admite ter abatido avião ucraniano e reconhece "erro imperdoável"
O Irão admitiu hoje que o avião ucraniano que se despenhou na quarta-feira em Teerão, matando todas as 176 pessoas a bordo, foi abatido inadvertidamente por militares iranianos, noticiou a televisão estatal. O presidente do Irão afirmou que o país "lamentava profundamente" ter abatido um avião civil ucraniano, sublinhando tratar-se de "uma grande tragédia e um erro imperdoável".

Até aqui, o Irão tinha negado que um míssil fosse responsável pelo acidente.

"O inquérito interno das forças armadas concluiu que lamentavelmente mísseis lançados por engano provocaram a queda do avião ucraniano e a morte de 176 inocentes", admitiu Hassan Rohani, numa mensagem divulgada na rede social Twitter.

"As investigações continuam para identificar e levar à justiça" os responsáveis, acrescentou.

Também o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano apresentou "as desculpas" do país pela catástrofe do Boeing 737 da companhia Ukrainian Airlines, depois de as forças armadas terem igualmente reconhecido que o avião foi abatido por erro.

"Dia triste", escreveu Mohammmad Javad Zarif no Twitter. Um "erro humano em tempos de crise causada pelo aventureirismo norte-americano levaram ao desastre, acrescentou.

"O nosso profundo arrependimento, desculpa e condolências ao nosso povo, às famílias das vítimas e às outras nações afetadas" pelo drama, disse o ministro.

O Estado-maior das forças armadas do Irão garantiu à população do país que "o responsável" pela tragédia do Boeing ucraniano abatido na quinta-feira nos arredores de Teerão, vai ser imediatamente apresentado à justiça militar.

"Garantimos que ao realizar reformas fundamentais nos processos operacionais ao nível das forças armadas, vamos tornar impossível a repetição de tais erros", acrescentou, em comunicado.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela