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PM demissionário francês inicia ronda de contactos para aprovar orçamento

Lusa 07 de outubro de 2025 às 12:35

Sébastien Lecornu afirma querer "concentrar as discussões" em dois pontos: a aprovação do orçamento e "o futuro da Nova Caledónia".

O primeiro-ministro francês demissionário, Sébastien Lecornu, iniciou hoje a ronda de contactos para encontrar uma fórmula de estabilidade, como pedido pelo Presidente, Emmanuel Macron, recebendo na sede do Governo os líderes dos partidos da aliança macronista.
Sébastien Lecornu procura estabilidade política em França após a demissão EPA/STEPHANE MAHE / POOL MAXPPP OUT
"Todos concordaram quanto a estas duas urgências, com uma vontade partilhada de encontrar uma solução rápida. Seguiu-se uma troca de opiniões sobre a urgência orçamental e os parâmetros de um possível compromisso com as oposições", afirmou num comunicado divulgado após a reunião. No documento, Sébastien Lecornu afirma querer "concentrar as discussões" em dois pontos: a aprovação do orçamento e "o futuro da Nova Caledónia", e convida todas as forças políticas para prosseguir "as discussões" entre "esta tarde e amanhã de manhã". Na mesa do chefe de Governo estiveram dois antigos primeiros-ministros: Gabriel Attal, que preside o partido fundado por Macron, e Édouard Philippe, representante do grupo Horizontes, além de Marc Fesnau, do centrista MoDem, liderado também por um antigo primeiro-ministro, François Bayrou. O atual ministro do Interior em funções e líder do partido conservador tradicional Republicanos, que fez parte dos últimos dois Executivos e não esteve presente na reunião, Bruno Retailleau, afirmou que prefere manter um contacto bilateral com Lecornu e que não pretende que o seu partido seja associado ao macronismo. Retailleau, que não esconde as suas ambições presidenciais para 2027, foi um dos responsáveis pela queda de Lecornu, ao levantar dúvidas sobre a sua continuidade no Executivo momentos após ter sido nomeado no passado domingo, afirmando sentir-se traído pelo primeiro-ministro. A demissão de Lecornu na segunda-feira, apenas 14 horas após ter revelado a composição do seu Executivo, abriu uma nova crise em França. As críticas a Macron intensificaram-se após a sua decisão de prolongar até quarta-feira a missão de Lecornu à frente do Executivo, com o objetivo de formar "uma plataforma de ação" que proporcione estabilidade ao Governo e evite eleições antecipadas. O chefe de Estado francês quer cumprir o atual mandato até 2027 e já rejeitou a dissolução da Assembleia Nacional, apesar dos repetidos pedidos dos partidos da oposição e das crescentes críticas vindas dos seus aliados. O ex-primeiro-ministro Gabriel Attal afirmou no canal de televisão TF1 que deixou de compreender as decisões do Presidente, enquanto Édouard Philippe se juntou hoje ao coro de vozes que pedem a antecipação das presidenciais. "Isso seria digno do cargo", afirmou Édouard Philippe, líder do partido Horizontes e potencial candidato à Presidência, que considerou desolador o espetáculo político que o país está a viver e que "entristece os franceses". Os diferentes partidos de esquerda aguardam a convocatória por parte do primeiro-ministro enquanto iniciam os seus próprios contactos, embora apareçam mais divididos do que nas legislativas do verão de 2024, quando juntos formaram o grupo parlamentar com mais deputados. Socialistas e cmunistas rejeitaram o apelo a um encontro comum lançado pelo partido de esquerda radical França Insubmissa (LFI) de Jean-Luc Mélenchon, que consideram demasiado radical por recusar qualquer diálogo com os centristas. Ambos, tal como os ecologistas, exigem a nomeação de um primeiro-ministro de esquerda que leve a cabo uma mudança radical na política do país. Já a LFI exige a demissão de Macron e, enquanto isso não acontece, irá apresentar uma moção de destituição que tinha proposto há alguns meses na Assembleia Nacional - um mecanismo nunca antes utilizado. Também o presidente do partido de extrema-direita União Nacional (RN), Jordan Bardella, reiterou hoje no canal BFMTV o seu pedido por legislativas antecipadas e, ao mesmo tempo, propôs um pacto à direita tradicional para travar a esquerda.
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