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Médio Oriente. Portugal defende não haver "plano B" além da solução dos dois Estados

Lusa 29 de abril de 2025 às 22:02

O secretário de Estado Nuno Sampaio indicou ser necessário um cessar-fogo e "uma Autoridade Palestiniana devidamente reforçada" para poder haver uma discussão séria sobre a solução de Dois Estados.

O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Portugal defendeu hoje, perante o Conselho de Segurança da ONU, que "não existe plano B" para a paz no Médio Oriente além da solução de dois Estados.

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Em Nova Iorque, numa reunião do Conselho de Segurança dedicada à situação no Médio Oriente, Nuno Sampaio assegurou que Portugal está pronto para trabalhar com a França e Arábia Saudita, os copatrocinadores da Conferência de Alto Nível que promoverá em junho a solução de dois Estados (israelita e palestiniano).

"Portugal está pronto para trabalhar com os copatrocinadores e contribuir para a solução dos Dois Estados, que apoiamos plenamente como a única solução viável a longo prazo para a paz na região e para pôr fim ao conflito. Não existe plano B", afirmou.

Para permitir uma discussão séria sobre a solução de Dois Estados, o secretário de Estado indicou ser necessário um cessar-fogo e "uma Autoridade Palestiniana devidamente reforçada", permitindo o seu maior contributo político para uma solução política pacífica para o conflito, principalmente "através do seu papel no terreno como fator de estabilização".

Nuno Sampaio frisou que o direito à autodeterminação do povo palestiniano continua a ser um "objetivo comum urgente" e avaliou que a Conferência oferecerá "uma valiosa janela de oportunidade que merece todo o empenho para o seu sucesso".

Visão diferente foi exposta pelos diplomatas de Israel e dos Estados Unidos, que manifestaram o seu ceticismo em relação ao evento que será promovido pela França e Arábia Saudita nas Nações Unidas.

O representante permanente adjunto de Israel na ONU, Jonathan Miller, afirmou que a conferência em causa está "fadada ao fracasso", advogando que é "irrealista e pode causar mais mal do que bem, porque gera expectativas desnecessárias".

Já a embaixadora norte-americana junto à ONU, Dorothy Shea, afirmou que Washington "fará a sua parte para ajudar a forjar uma nova realidade ao lado de Israel e parceiros árabes", mas frisou que "reuniões ou conferências internacionais não mudarão a realidade" de que o "futuro deve começar numa Gaza sem o Hamas".

Na mesma reunião, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pressionou os Estados-membros da ONU a agirem durante a Conferência de Alto Nível prevista para junho.

"O meu apelo aos Estados-membros é claro e urgente: Tomem medidas irreversíveis para implementar uma solução de dois Estados. Não deixem que os extremistas de qualquer lado minem o que resta do processo de paz", pediu. 

Guterres incentivou a comunidade internacional a ir "além das afirmações" e a "pensar criativamente" sobre medidas concretas de apoio a uma solução viável de dois Estados "antes que seja tarde demais". 

"Mostrem coragem política e exerçam a vontade política para resolver esta questão central para a paz dos palestinianos, dos israelitas, da região e da humanidade", concluiu o líder da ONU. 

Ainda na sua intervenção perante o Conselho de Segurança, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Portugal abordou também a situação na Síria e no Líbano, defendendo que quer o povo libanês, quer o povo sírio "merecem paz e total respeito pela integridade territorial, unidade e soberania dos seus países".

"No Líbano, devemos continuar a apoiar o novo Governo no seu objetivo de reforçar as instituições estatais. (...) Em relação à Síria, salientamos a importância de uma transição política pacífica e inclusiva, protegendo todos os sírios, independentemente da etnia ou origem religiosa, (...), e livre de interferências estrangeiras prejudiciais", afirmou.

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