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Médio Oriente: França pode reconhecer Estado palestiniano em junho

Lusa 09 de abril de 2025 às 22:58

Quase 150 países reconhecem o Estado palestiniano. Em maio de 2024, a Irlanda, a Noruega e a Espanha avançaram, seguindo-se a Eslovénia em junho.

A França pode reconhecer um Estado palestiniano em junho, durante uma conferência que copresidirá com a Arábia Saudita nas Nações Unidas, em Nova Iorque, adiantou esta quarta-feira o Presidente Emmanuel Macron.

REUTERS/Sarah Meyssonnier/Pool

De acordo com o chefe de Estado francês, esta iniciativa poderá levar também ao reconhecimento de Israel por vários países.

"Devemos caminhar para o reconhecimento [do Estado palestiniano] e é assim que avançaremos nos próximos meses", declarou o presidente francês numa entrevista no programa "C'est à vous", da France 5, após o seu regresso do Egito na terça-feira e hoje transmitida.

"O nosso objetivo é presidir a esta conferência com a Arábia Saudita algures em junho, onde poderemos finalizar o processo de reconhecimento mútuo por vários países", acrescentou.

A conferência tem como objetivo criar um Estado palestiniano. Os apelos a uma "solução de dois Estados", com os palestinianos ao lado de Israel, intensificaram-se desde o início da guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel, em 07 de outubro de 2023.

Quase 150 países reconhecem o Estado palestiniano. Em maio de 2024, a Irlanda, a Noruega e a Espanha avançaram, seguindo-se a Eslovénia em junho.

A solução de dois Estados, no entanto, continua a ser rejeitada pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

"Vou fazê-lo (...) porque acredito que em algum momento será o mais correto e porque também quero participar numa dinâmica coletiva, que deverá permitir a todos aqueles que defendem a Palestina reconhecerem Israel por sua vez, o que muitos deles não fazem", observou o chefe de Estado francês.

Para Macron, este passo permitirá também "ser claros na luta contra aqueles que negam o direito de Israel existir, como é o caso do Irão".

Em 2020, os Acordos de Abraão levaram ao reconhecimento de Israel pelos Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos.

A Arábia Saudita, que também tinha iniciado negociações para uma aproximação a Israel, suspendeu-as, no entanto, desde o início da guerra em Gaza, tornando qualquer reconhecimento condicional à criação de um Estado palestiniano.

A Autoridade Palestiniana acolheu imediatamente o anúncio de Emmanuel Macron. O reconhecimento por parte da França "seria um passo na direção certa, consistente com a defesa dos direitos do povo palestiniano e a solução de dois Estados", destacou à agência France-Presse (AFP) a ministra dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana (AP), Varsen Aghabekian Shahin.

O Presidente francês manifestou na segunda-feira o seu apoio ao plano árabe para Gaza no Cairo, opondo-se firmemente à deslocação de populações face às ambições de Donald Trump.

A iniciativa árabe pretende ser uma resposta ao plano do presidente norte-americano de assumir o controlo do território palestiniano e expulsar os seus habitantes.

Preparado pelo Egito, visa reconstruir a Faixa de Gaza, destruída por 15 meses de guerra entre Israel e o Hamas, sem deslocar os seus 2,4 milhões de habitantes.

Perante o "bloqueio humanitário" em Gaza, onde Israel retomou as suas operações militares a 18 de março após uma trégua de dois meses, Macron frisou que é "prioritário solicitar com urgência um cessar-fogo de quarenta a cinquenta dias", de acordo com textos de opinião nos jornais franceses La Croix e Libération.

Numa tentativa de convencer Benjamin Netanyahu a aceitar uma nova trégua e a libertação de ajuda, exigiu ainda a libertação de cerca de dez reféns, "de acordo com as discussões que os egípcios estão a manter em conjunto com os qataris e o Hamas".

O presidente francês afirmou ainda que "o Hamas não será eliminado por meios militares", e apelou a uma saída negociada dos seus principais líderes de Gaza.

Questionado sobre o plano de Donald Trump para a transformar na "Riviera do Médio Oriente", Emmanuel Macron insistiu que a Faixa de Gaza "não é um projeto imobiliário".

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