Secções
Entrar

Irão diz que Trump se engana se julga que conseguirá derrubar o regime de Teerão

15 de fevereiro de 2020 às 22:27

Chefe da diplomacia iraniano citou a decisão de Trump de retirar os EUA unilateralmente do acordo nuclear com o Irão, para justificar o seu argumento de que o presidente norte-americano está a cometer sucessivos erros ao lidar com o seu país.

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Mohammad Javad Zarif, disse este sábado que o presidente norte-americano, Donald Trump, está enganado se pensa que a "pressão máxima" contra o seu país derrubará o regime de Teerão.

Mohammad Zarif disse que Donald Trump está a ser mal aconselhado, quando o convencem de que o aumento de sanções económicas sobre o Irão levará ao derrube do regime, criticando o líder norte-americano por não aceitar a mediação para o conflito entre os dois países.

"O presidente Trump está convencido de que estamos prestes a entrar em colapso, para não ter de entrar em negociações com um Governo em colapso", explicou Zarif, dirigindo-se a um grupo de diplomatas da área da Defesa, na Conferência de Segurança que decorre em Munique.

Zarif citou a decisão de Trump de retirar os Estados Unidos da América (EUA), unilateralmente, do acordo nuclear com o Irão, em 2018, para justificar o seu argumento de que o presidente norte-americano está a cometer sucessivos erros ao lidar com o seu país.

Após a saída do acordo, Trump decretou sucessivas vagas de sanções económicas, afetando severamente a economia iraniana, em particular quando as sanções se centraram no setor energético, principal fonte de receitas do regime de Teerão.

"Acredito que o Presidente Trump, infelizmente, não está a ser bem aconselhado", disse Zarif, dizendo que o objetivo do Governo norte-americano é derrubar o regime iraniano, desde que abandonou o acordo nuclear.

Zarif disse ainda que o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani, vítima de um ataque aéreo norte-americano em Bagdade, em 03 de janeiro, foi "um erro de cálculo" por parte de Washington, que teve como efeito imediato galvanizar o apoio ao governo de Teerão, por parte da população.

Durante a Conferência de Segurança, em Munique, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, prometeu que falará com os aliados europeus sobre o acordo nuclear com o Irão, deixando a entender de que exercerá pressão para que acompanhem a decisão dos EUA de o abandonar.

Além dos EUA, são signatários do acordo a Alemanha, a França, o Reino Unido, a Rússia e a China.

"Todos percebemos que o Irão continua a desenvolver o seu programa nuclear", disse hoje Mike Pompeo, para justificar o abandono do acordo, considerando que o Irão não estava a cumprir os seus requisitos e reiterando o pedido feito por Trump para que os países signatários concordem em desenhar um novo tratado com Teerão.

Mas Zarif voltou hoje a rejeitar a possibilidade de um novo acordo nuclear, dizendo que aquele que foi negociado durante o mandato do Presidente norte-americano Barack Obama, em 2015, é o único aceitável.

Nos últimos meses, o Governo iraniano anunciou que, como forma de retaliação contra as sanções norte-americanas, iria aumentar a produção de urânio enriquecido, no âmbito do programa nuclear que tinha prometido abandonar.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela