Guterres pediu a paz com Putin a ouvir, mas não se livrou de polémicas
Viúva do opositor russo Navalny criticou o aperto de mão entre o secretário-geral da ONU e o presidente russo. Nações Unidas garantem que Guterres condenou invasão da Ucrânia durante o encontro bilateral.
Quinta-feira marcou o encontro frente a frente entre António Guterres e Vladimir Putin, o segundo desde a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, e dois anos depois do primeiro. O secretário-geral das Nações Unidas terá apelado à paz e pedido a abertura do Mar Negro à navegação comercial.
Na Rússia, a propósito da cimeira dos BRICS (economias dos países emergentes), António Guterres foi fotografado a cumprimentar o presidente russo. Um gesto que lhe valeu as críticas da viúva de Alexei Navalny, opositor do Kremlin falecido na prisão, em fevereiro deste ano numa prisão russa no Ártico.
Vladimir Putin ouviu o líder da ONU pedir na conferência dos BRICS a paz em gaza, no Líbano, na Ucrânia e no Sudão. "em todo o mundo, precisamos de paz", defendeu Guterres. "Precisamos de paz na Ucrânia. Uma paz justa em linha com a Carta das Nações Unidas, a lei internacional e as resoluções da Assembleia Geral da ONU", afirmou.
Depois desta afirmação pública para os líderes dos BRICS reunidos em Kazan, o gabinete de António Guterres emitiu um comunicado reiterando a sua posição de que a invasão russa da Ucrânia foi "uma violação da Carta das Nações Unidas e da lei internacional".
O comunicado refere ainda que a livre navegação no Mar Negro é "de extrema importância" para a Rússia, a Ucrânia e a segurança alimentar e energética global".
Putin e Guterres terão ainda discutido "a absoluta necessidade de cessar-fogo em Gaza e no Líbano, bem como a necessidade de evitar uma escalada regional".
"Apertar a mão a um assassino"
Quem não deixou passar este momento em vão foi Yulia Navalnaya, viúva de Navalny. "É o terceiro ano de guerra [na Ucrânia] e o secretário-geral das Nações Unidas está a apertar a mão a um assassino", escreveu na rede X.
Em conferência de imprensa no final da cimeira, o presidente russo defendeu que um acordo de paz com a Ucrânia deve basear-se na realidade do campo de batalha, onde as forças de Moscovo controlam quase 20% do território ucraniano. "Estamos prontos para considerar quaisquer conversações de paz com base nas realidades locais. Não estamos prontos para fazer mais nada", declarou Vladimir Putin, acrescentando: "A bola está do lado deles".
Com Lusa
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