Golfo Pérsico. Chuva intensa causa 20 mortos e inunda aeroporto do Dubai
As chuvas são as mais intensas dos últimos 75 anos, sendo consideradas "um acontecimento meteorológico histórico".
As inundações provocadas pelas chuvas fortes em vários países do Golfo Pérsico já mataram cerca de 20 pessoas e perturbaram os voos no segundo aeroporto mais movimentado do mundo, o do Dubai.
O Aeroporto Internacional do Dubai assumiu esta quarta-feira que está a enfrentar "condições muito difíceis", tendo aconselhado os passageiros a não se deslocarem ao local uma vez que as pistas se encontram inundadas.
A interrupção das operações aeroportuárias começou na terça-feira, dia 16, tendo obrigado o aeroporto a suspender as operações durante algumas horas com o cancelamento e desvios de vários voos. Vários vídeos nas redes sociais mostram aviões a atravessar vários centímetros de água que cobriram completamente o estacionamento e as vias de circulação do aeroporto.
Embora a chuva tenha abrandado na noite de terça-feira, o Aeroporto Internacional do Dubai avisou na manhã de quarta-feira que "a recuperação levará algum tempo". "Atualmente, estamos a sofrer perturbações significativas devido às condições meteorológicas e estamos a trabalhar continuamente com as nossas equipas de resposta a emergências e parceiros de serviços para restabelecer as operações normais o mais rapidamente possível", lê-se na conta oficial na rede social X (antigo Twitter).
A intensidade da tempestade forçou vários motoristas a abandonar os seus veículos quando as águas das cheias aumentaram, transformando as estradas em rios.
Foram registados quase 100 mm de chuva apenas em 12 horas na terça-feira, de acordo com as observações meteorológicas. Este é o valor que o Dubai costuma registar num ano inteiro.
A chuva que deixou o Dubai debaixo de água está associada a uma intensa tempestade de grandes dimensões que atravessa a Península Arábica e se desloca através do Golfo de Omã.
As autoridades de Omã colocaram em abrigos mais de 1.400 pessoas, tendo ainda a grande maioria das escolas e serviços públicos encerrado por precaução. Alertaram ainda para uma previsão de mais trovoadas, chuva intensa e ventos fortes, sendo que ainda há bastantes zonas submersas.
No domingo, dia 14, 10 crianças com idades compreendidas entre os 10 e 15 anos e um adulto morreram após o autocarro em que seguiam ter sido inundado pelas águas ao tentar atravessar um uádi ou leito de rio seco, na zona de al-Mudhaibi, na província de Sharqiya. O condutor e três crianças conseguiram ser resgatados, após terem sido arrastados a cerca de 600 metros do autocarro.
Já esta quarta-feira, as equipas de salvamento de Omã encontraram um corpo de uma mulher na cidade de Saham, elevando o número de mortos para 19 desde domingo.
Até terça-feira à noite, duas zonas do norte de Omã foram registados 180 mm de chuva desde domingo, enquanto mais de 120 mm tinham caído em oito outras zonas, informou o Comité Nacional de Gestão de Emergências. A precipitação é escassa neste país, tendo uma precipitação média anual de 150 mm e 300 mm no norte, e entre 50 mm e 150 mm no sul.
No entanto, nas últimas décadas tem-se registado depressões tropicais destrutivas que se dirigem para Omã a partir do norte do Oceano Índico, de acordo com a Climate Change Knowledge Portal.
Estas chuvas foram consideradas "um acontecimento meteorológico histórico", sendo das mais intensas dos últimos 75 anos. Estas superaram os recordes desde que os Emirados Árabes Unidos começaram a recolher dados de precipitação em 1949.
Em menos de 24 horas, também caíram 254,8 mm de precipitação em Khatm al-Shakla, na cidade de al-Ain, nos Emirados Árabes Unidos. O país regista uma média anual de 140-200 mm de precipitação.
Devido às chuvas intensas, um idoso morreu após o seu veículo ser arrastado por uma inundação repentina na cidade de Ras al-Khaimah.
O governo dos Emirados Árabes Unidos aconselhou as pessoas a ficarem em casa e alargou o trabalho remoto aos seus funcionários. As escolas privadas foram aconselhadas a efetuas o ensino à distância.
A tempestade já atingiu a Arábia Saudita e o Bahrein, já começando a ser registados várias carros presos nas estradas inundadas.
São vários os fatores que contribuem para as inundações, mas o aquecimento da atmosfera causado pelas alterações climáticas torna mais provável a ocorrência de precipitações extremas, de acordo com Climate Change Knowledge Portal. O planeta já aqueceu cerca de 1,1ºC desde o início da era industrial e as temperaturas vão continuar a subir, a menos que os governos de todo o mundo reduzam drasticamente as emissões.
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