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As mentiras que marcam o dia de eleições nos Estados Unidos

Diogo Barreto 05 de novembro de 2024 às 16:17

Publicações falsas com centenas de milhares de partilha tentam influenciar a opinião dos eleitores norte-americanos no dia em que são chamados a votar.

Há muita informação falsa a correr as redes sociais relacionada com as eleições norte americanas. Eleitores republicanos têm denunciado tentativas de fraude eleitoral que têm sido desmentidas pelas autoridades responsáveis (incluindo pelo partido republicano). 

REUTERS/Maye-E Wong

Campanhas de desinformação vinculadas à Rússia estão a propagar afirmações falsas sobre supostos planos das autoridades nos estados-chave para manipular o resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos da América (EUA), alertaram os governos locais esta quarta-feira, pouco antes das urnas abrirem. Mas a informação falsa tem circulado há várias semanas, tendo-se intensificado nos últimos dias.

A máquina de voto pró-Kamala

Um dos vídeos mais difundidos foi o de um eleitor que tentava escolher a opção "Donald Trump" numa máquina de voto, mas sempre que tocava no ecrã, a opção "Kamala Harris" era a selecionada. 

De acordo com o responsável pela localidade onde a máquina se encontrava, Laurel County, no Kentucky, o problema foi que o candidato não estava a tocar no círculo que indicava o candidato. De acordo com Tony Brown, a mulher conseguiu depositar o seu voto normalmente. 

A máquina alegadamente defeituosa foi retirada e analisada, tendo voltado ao local de voto depois de se verificar que não havia qualquer problema com a mesma.  

Os votos rasgados

Circulou também a teoria de que um funcionário estava a rasgar vários votos por correspondência no Condado de Bucks, na Pensilvânia, caso fossem favoráveis a Donald Trump. Começou até a circular um vídeo que mostrava alguém a abrir envelopes e a rasgar os votos no antigo presidente republicano. 

Entretanto o vídeo foi apagado por removido por mostrar informação falsa, mas continuam a circular versões da publicação, como mostra a imagem abaixo.

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De acordo com o "Politifact", porém, estas imagens não são verdadeiras e não há provas de que alguém tenha rasgado votos. O Conselho Eleitoral do Condado de Bucks emitiu, inclusivamente, um comunicado assinado pelos dois partidos a confirmar que o "vídeo é falso" e que "o envelope e os materiais mostrados neste vídeo não são materiais autênticos que pertencem ou são distribuídos" por aquela entidade.

Os imigrantes que vão votar várias vezes

Há um vídeo que mostra um imigrante do Haiti a afirmar que pretende votar várias vezes na candidata democrata em vários condados da Geórgia. "Isto é falso e uma tentativa de semear desinformação", afirmou o secretário de Estado Brad Raffensperger, citado pela agência Associated Press.

De acordo com os serviços secretos norte-americanos citados pela AP, o vídeo foi feito por "atores russos" e faz parte da "tentativa de Moscovo de levantar questiúnculas sobre a integridade do processo eleitoral nos Estados Unidos e aprofundar divisões entre os americanos". 

Os serviços de inteligência estão particularmente atentos a possíveis interferências russas neste dia e nas semanas que se vão seguir, avisando para tentativas de criar uma narrativa sobre fraude no processo eleitoral, refere um comunicado conjunto do FBI, da Agência para a Cibersegurança e Segurança das Infraestruturas (CISA) e da CIA - Agência Central de Inteligência. "A Rússia é a ameaça mais ativa" em Michigan, Wisconsin, Nevada, Arizona, Pensilvânia, Geórgia e Carolina do Norte, alertaram, esta segunda-feira.

O vídeo foi apagado das redes sociais, entretanto.

Homem a deixar boletins de voto estava a cometer fraude

As imagens de um homem a deixar vários boletins de voto num tribunal no condado de Northampton, na Pensilvânia, estão a ser usadas como prova de uma fraude eleitoral. 

Mas o responsável pelo condado de Northampton, Lamont McClure, explicou que o que se vê não é fraude eleitoral, simplesmente o processo eleitoral regular, com o trabalhador dos correios a deixar os boletins que haviam sido depositados. 

De acordo com McClure, o trabalhador dos correios foi alvo de assédio depois do vídeo ter corrido as redes sociais.

Não–eleitores a passarem à frente

Um vídeo mostra várias pessoas que são, alegadamente, cidadãos não elegíveis para votar, a passarem à frente da fila para votar em Allegheny, na Pensilvânia. Mas a verdade é que o vídeo em causa mostra pessoas a passarem à frente na fila para ajudar cidadãos idosos e com deficiências físicas, refere a localidade em comunicado.

A publicação que circulou pelas redes sociais afirmava que estas pessoas eram "imigrantes ilegais" e que eram "autocarros que traziam ‘cidadãos’ que nem sabiam falar a língua". O vídeo foi partilhado dezenas de milhares de vezes. 

O condado explicava que de facto havia cidadãos a precisar de ajuda de um tradutor, mas que todos tinham identificação norte-americana. 

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